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Sete dias sem a amiga querida, Gracinha. Uma homenagem do Sisma/MT


10-06-2013 16:03 - Ascom Sisma - Luana Soutos

A mesa vazia causa, ainda, estranheza. Fazem apenas sete dias que a colega de trabalho, companheira na luta pela Saúde Pública e, acima de tudo, grande amiga, não é mais vista no local que frequentou diariamente desde o ano 2000, quando começou a trabalhar no Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde e do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (Sisma/MT).

Treze anos de intensa convivência com Maria das Graças Santiago Campos - a Dna. Gracinha, ou simplesmente Gracinha, para os mais próximos - despertou nos colegas sentimentos de respeito, admiração e muito carinho. Por isso a vontade de colocar nesta uma singela homenagem, com algumas palavras, um pouco do que realmente importa, e permanece, mesmo com a imposição da ausência, que é uma condição da própria vida.

Mas a competência, seriedade, caráter, entre outras qualidades citadas por quem a conheceu de perto, são conhecidas de longa data pelos trabalhadores da área da Saúde de Mato Grosso, bem antes do trabalho desenvolvido no sindicato da categoria. Sua história com a Saúde Pública começou ainda no início da década de 1970, quando foi nomeada servidora pública da Fundação de Saúde de Mato Grosso, Fusmat, que só mais tarde se tornaria a hoje conhecida Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT). Lá, na Fusmat, Gracinha desempenhou papel fundamental no setor financeiro, depois de se formar no curso técnico em Contabilidade.    

Foi intensa sua relação com o SUS, até mesmo no desfecho de sua história de vida. No dia 04 de junho, última terça-feira, a servidora tão zelosa faleceu exatamente porque o Sistema Único de Saúde não teve condições de socorrê-la a tempo. As complicações causadas por um enfisema pulmonar foram agravadas pelo péssimo estado em que se encontra a Saúde Pública no Brasil. Em uma forte crise de falta de ar, a família procurou atendimento no hospital mais próximo, o CIAPS Adauto Botelho, que tem um posto do SAMU com ambulância disponível. No entanto, o carro estava completamente desequipado, porque, segundo informações, a ambulância do posto no CIAPS é a básica. Por esta razão não havia nem bomba de ar, nem desfibrilador, equipamentos fundamentais para atender a servidora que, naquele momento, acabou tendo uma parada cardíaca em decorrência do problema pulmonar (enfisema). Os profissionais não conseguiram reanimá-la manualmente.

Não faltam nomes de pessoas que podem dizer um pouco da sua convivência com Gracinha durante seus 63 anos de vida. Formulamos, então, uma pequena homenagem para mostrar a todos um pouco mais da pessoa e profissional que ela foi, por meio de depoimentos dos próprios amigos e colegas de trabalho.

Depoimentos

 Walnil de Mattos Barreto, servidor já aposentado, fez questão de ele mesmo escrever as palavras sobre a amiga Maria das Graças, com quem iniciou os estudos em 1968, na Escola Técnica de Comércio no antigo Palácio da Instruções e se formaram juntos no curso de Contabilidade em 1970. “Posso afirmar como testemunha ocular que durante todo o ensino, que tinha 3 classes de alunos, a Gracinha se destacou, sempre, como uma entre os 5 melhores alunos do curso que junto estudamos, entre mais ou menos 115 alunos.”

No texto que escreveu a mão e enviou ao Sisma/MT, demonstra profundo conhecimento não só da amiga, como da família: “Maria das Graças Santiago Campos, filha de Otávio Santiago e Dna. Inez Santiago, família tradicional da sociedade cuiabana. Maria das Graças, para mim, e para os que tiveram a felicidade de conhecê-la e com ela conviver será sempre a Gracinha querida, companheira fiel, amiga, amável, além de uma cumplicidade profissional inigualável e uma honestidade de caráter que dispensa comentários.”

Ele conta que, depois dos estudos, voltaram a se encontrar, para sua “felicidade e satisfação”, quando ele ocupou cargos comissionados na Fusmat, ligados ao setor financeiro, onde trabalhou Gracinha. Desta época, atribuiu novamente qualidades como competência, responsabilidade e honestidade à amiga. Walnil estima que, os mais de 20 anos de trabalho juntos significou cerca de 80% do período que prestaram serviços ao poder público. Chegaram a se aposentar mais ou menos na mesma época, com apenas 3 anos de diferença.

Depois disso, Gracinha foi trabalhar no Sisma/MT e ainda iniciou e concluiu o curso de Direito.   

O amigo termina o seu emocionado depoimento dizendo: “Não a esquecerei jamais. Que Deus a tenha em seus braços, porque se existe pessoa com tantas dádivas para ocupar esse lugar é, sem dúvidas, a minha e nossa inesquecível Gracinha. Oh, Deus, que saudade ela nos fará! Estenda o seu manto protetor sobre sua família. Adeus Gracinha.”

Também no início da década de 1970 começou a trabalhar na Fusmat a servidora Leila Conceição Figueiredo, também já aposentada. Segundo ela, o ambiente de trabalho com Gracinha sempre foi tranquilo, e ela uma pessoa educada, alegre, competente e honesta.

Ela conta que frequentava a chácara da amiga aos finais de semana e lembrou-se de uma divertida festa de São João, feita no local, há muitos anos. Também recorda de, há muito tempo, terem passeado no Pantanal. Apesar de não gostar de comer peixe, Gracinha adorava pescar. Ultimamente, as duas mantinham contato com bastante frequência, pois Gracinha costumava orientá-la sobre alguns processos movidos pela assessoria jurídica do Sisma/MT. “Fiquei muito surpresa com o que aconteceu. Eu ia retornar uma ligação pra ela essa semana, mas demorei pra ligar e então... nós sempre demos muito certo desde a época de colegas, eu senti muito a sua morte”.

Nilsan Butaca Taborelli e Silva, servidora aposentada, também foi colega de trabalho da Gracinha na Fusmat, assim como da Leila e do Barreto. Ela contou das visitas à chácara da amiga, de uma festa de carnaval, e do convívio entre as famílias. “A Gracinha sempre foi muito franca, uma pessoa boa de coração, verdadeira”, afirmou.

Mesmo com tantos anos de convivência, ela não sabia que a amiga havia se formado bacharel em Direito, depois de aposentada. Mas ressaltou que foi orientada por ela em alguns processos, de aposentadoria e até em outro processo de interesse de sua mãe.

Por fim, Nilsan fez um pedido: gostaria de ter o número de telefone para entrar em contato novamente com os colegas queridos daquela época, citados durante a coleta do depoimento.

O Prof. Chico Castro também fez parte desse grupo. De maneira simpática e precisa, Francisco de Melo Castro lembrou que conheceu Gracinha no dia 01 de junho de 1977. “Tive a honra e a oportunidade de conhecê-la no meu primeiro dia de trabalho, no setor em que ela era responsável. Me acolheu muito bem, era uma pessoa simples, convivíamos todos os dias, das 7h às 15h”, diz, de maneira firme.

As recordações agora são da amiga sincera, muito simples e honesta. “Em nenhum momento ouvi alguém desabonar seu caráter, seu conhecimento. Ela me ajudou até no meu casamento, pois era muito amiga da minha esposa”. Pessoa alegre, costumava sempre convidar, às sextas feiras, no final do expediente, os amigos do trabalho para um happy hour em sua casa. Ela gostava muito de receber em casa as pessoas com quem convivia no trabalho.

“Impossível esquecer! Sentiremos muita falta da amizade sincera da Gracinha”, concluiu.

O colega de sala William do Carmo Borges contou que conheceu Gracinha quando ela chegou no Sisma/MT. Eles trabalharam 13 anos na mesma sala e, de colegas de trabalho, passaram logo a cultivar uma amizade, dessas de frequentar a casa um do outro. Como profissional, ele afirma que ela era uma pessoa centrada e nunca ficava nervosa ou estressada a ponto de maltratar alguém. Tinha completo controle de suas emoções, mas era uma pessoa de opinião e falava o que entendia que deveria ser dito. “Não é porque ela já não está mais aqui, mas de verdade mesmo, não tenho nada pra reclamar sobre ela profissionalmente”, disse.

Segundo ele, Gracinha era ainda uma pessoa bastante presente nas articulações políticas do Sindicato, quanto às ações da diretoria em defesa do SUS.  

Nilza Arruda da Silva, diretora do Sisma/MT, não consegue disfarçar. Parece que “a ficha ainda não caiu” e, em alguns momentos, os olhos se enchem de água enquanto fala da amiga, que conheceu no dia 24 de junho de 1980, quando tomou posse na Fusmat, onde trabalharam juntas. Mas a amizade mesmo começou em outubro de 2005 e, a partir de então, a Gracinha foi, em suas palavras, “colega, mãe, orientadora; uma pessoa com quem ela podia contar para tudo”. Até nas questões particulares, Dna. Nilzinha (como é chamada no Sisma/MT) consultava a amiga. Ela fala que Gracinha entendia tudo de administração pública e que foi professora de muitos na Secretaria de Estado de Saúde.

“Eu brincava dizendo que queria ser como ela um dia, ia até deixar os meus cabelos brancos como os dela (risos). O Sindicato perdeu não só uma excelente funcionária, mas também uma mãezona”.

Dna. Nilzinha lembra, com tristeza, que a comemoração do aniversário da Gracinha, que seria em agosto, já estava programada. Na casa para onde havia se mudado a pouco tempo, ela e os também aniversariantes do mês de agosto do Sindicato/MT, Sr. Antônio, Luisinho, e também a Dna. Nilzinha, fariam um churrasco e tomariam uma cervejinha.

“O que me deixa mais tranquila é que ela fez tudo o que queria na vida. Conheceu o Pantanal, que ela adorava!

A presidente do Sisma/MT, Alzita Leão Ormond Oliveira, lembra que “conheceu de ouvir falar” a Gracinha, quando trabalhou na Secretaria de Administração seu irmão na Secretaria de Saúde: “Todos os comentários eram de que ela era uma pessoa sensata, calma e transparente. Fui para a Fusmat nos idos da década de 80 e os comentários continuaram os mesmos, mas ainda sem conhecê-la pessoalmente. Nosso contanto mais próximo foi no Sindicato, na década de 90, através de Luiz Carlos Campos Borges. Alí passei a conhecê-la e admirá-la pelo carisma com que tratava os filiados que a procuravam in loco ou por telefone, não medindo esforços em retornar com as respostas que às vezes não tinha para dar no momento. Foi a partir de 2005, que passei a admirá-la ainda mais, pois Gracinha carinhosamente chamada por todos do Sindicato, foi peça ímpar para que ele crescesse, fortalecesse e prosperasse. Só posso dizer que sentiremos saudades da companheira de lutas, da amiga de todas as horas, da profissional exemplar e da mãe zelosa que sempre foi; que sua alma bondosa que espalhou o bem, alegria e ternura na terra, esteja agora no Paraíso, ao lado do Senhor. Para a família nosso mais profundo sentimento e agradecimento por tudo o que ela representou para o Sindicato que ajudou a construir”.

 

 

 


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