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Clipping

Pacientes não conseguem atravessar


04-03-2013 14:18 - Diário Oficial

As vias de acesso aos hospitais de Cuiabá não contam com faixas de pedestre, redutores de velocidade, semáforos ou passarelas que facilitem a travessia de pacientes e funcionários. Para piorar a situação, motoristas trafegam sem respeitar a legislação de trânsito, abusam da alta velocidade e estacionam em locais proibidos, dificultando até mesmo a entrada de ambulâncias.

Luciene Nunes da Conceição é mãe de Geovanna, de quatro anos. Ela conta que há mais de um ano precisa frequentar o Hospital do Câncer, na avenida Historiador Rubens de Mendonça (CPA), para o tratamento da filha. A garota está com leucemia linfóide aguda e passa por sessões de quimioterapia quase que diariamente. “Quando saímos da sessão, ela está muito debilitada. Temos que atravessar a avenida e única solução é levá-la no colo, correr e esperar a boa vontade dos motoristas. Já demoramos mais de 20 minutos para conseguir atravessar com segurança, acabamos sempre perdendo um ou dois ônibus e por isso chegamos em casa ainda mais tarde.”

A professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso e mestre em saúde coletiva, Juliane Ferreira Andrade Fonseca, explica que os efeitos imediatos da quimioterapia e da radioterapia, tratamentos comuns no Hospital do Câncer, são muito fortes nas crianças ou idosos. “Os pacientes ficam com a resistência muito baixa logo após o tratamento. As crianças, principalmente, ficam muito enfraquecidas e chorosas.”

A estudante de enfermagem do nono semestre, Mariana Keiko Kawaata, faz estágio no hospital com mais 12 colegas. Ela conta que começou a pesquisar o problema após sofrer para chegar e sair do local diariamente e, juntamente com outros estudantes, prepara um documento para encaminhar para os órgãos responsáveis. “São três faixas de cada lado e carros passando a mil por hora. Ficamos sabendo de diversos acidentes o tempo todo.”

A administração do Hospital afirmou que desde 2009 envia ofícios, requerendo redutores de velocidade e faixas de pedestre para as Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (SMTU) e Secretaria de Infraestrutura (Seminfe). O último documento foi encaminhado em março de 2012 e a resposta obtida foi que as adequações não haviam sido realizadas por conta das obras da Copa do Mundo de 2014.

OUTROS CASOS - O Hospital Santa Helena fica entre duas avenidas movimentadas da Capital, avenida Presidente Marques e a Marechal Deodoro, e em nenhuma das vias são vistos nenhum tipo de redutor de velocidade ou passarelas.

Valter Barbosa trabalha em uma barraca de lanches ao lado do hospital. Segundo ele, existem nas proximidades três escolas e os alunos transitam pela avenida constantemente. “Tem pelo menos uns dois acidentes por semana aqui. Atropelamentos também são vistos com frequência. Às vezes eu mesmo corro lá na avenida e paro o trânsito para as crianças ou pacientes que não conseguem passar.”

O taxista Arlindo Martins trabalha há vinte anos no ponto do hospital. Segundo ele, a categoria já encaminhou ofícios e abaixo assinados para a SMTU, mas nenhuma resposta foi obtida.

O Hospital Infantil e Maternidade Femina fica localizado entre dois colégios e durante os horários de pico (entrada e saída de alunos) fica intransitável. Pais estacionam por toda a rua e nem ambulâncias conseguem vaga. “Minha filha ficou internada aqui por conta de uma gravidez de risco. Era um inferno pra gente. Muito barulho de buzinas e gritaria da molecada. Direto víamos grávidas se espremendo entre os carros para atravessar a rua,” contou Eugênia Domingos.  


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