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VIAS INTRAFEGÁVEIS: Caos nas estradas de MT ´não vão me apavorar´, justifica Silval; situação ‘é preço do progresso‘


19-02-2013 09:11 - Hiper Notícias

Os atoleiros e péssimas condições de trafegabilidade das estradas de Mato Grosso, verificados nas últimas duas semanas, “são o preço do progresso e não há muito o que fazer agora, devido às chuvas”. A constatação é do governador Silval Barbosa (PMDB), em entrevista exclusiva ao HiperNotícias.

O chefe do Executivo atribui o caos especialmente a três fatores: aumento considerável de chuvas em 2013, na comparação com anos anteriores; excesso de peso nas cargas dos caminhões e carretas que trafegam por essas rodovias; e o aumento da produção agrícola.

Para ele, essa é uma situação que se repete todos os anos e que não mudará nem nos próximos 15, 20 anos. “Isso não é novidade para ninguém, não vou me apavorar”, ressalta. Nos últimos dias, ele tem articulado, via bancada federal, ajuda da presidente Dilma Rousseff (PT).

Como o período chuvoso no Estado historicamente se prolonga até abril, a preocupação de produtores, prefeitoss e dos caminhoneiros é quanto à suficiência e eficiência do programa emergencial criado pelo governo para garantir a trafegabilidade nesses trechos mais críticos.
“Não se pode fazer milagre, enquanto não parar de chover não há muito o que fazer. Choveu demais não tem como tapar, não tem o que fazer, você só tapa o buraco ou corrige um atoleiro a hora que pára de chover”, justifica, ao ponderar que as equipes de socorro estão atentas para aproveitar ao máximo os dias de estiagem.

“Os atoleiros mais intensos, cruciais , já começaram a ser recuperados e assim será. O dia que der sol nós vamos dar trafegabilidade”, emenda.

Silval negou que haja algum município do Estado que esteja sofrendo com a falta de abastecimento, tanto de combustível, como de alimentos e remédios.

“Minhas duas principais preocupações são que nenhuma cidade sofra desabastecimento e que nenhum produtor deixe de ganhar ou perca produção devido a algum isolamento”, frisa.

AJUDA

O governo do Estado também, segundo Barbosa, já determinou a doação de óleo diesel aos municípios para ajudar no trabalho de recuperação das vias afetadas.

Pelos cálculos dele, “quase mil máquinas” estão à disposição dos municípios, sendo 720 equipamentos pesados, adquiridos em 2010 no programa “Mato Grosso 100% Equipado”, e outros cerca de 220 que estão com os consórcios de infraestrutura do Estado.

Acompanhe outros trechos da entrevista que o HiperNotícias fez com o governador, sobre os problemas das estradas estaduais:

HiperNotícias - O senhor não teme por críticas, já que é obrigação do Estado zelar pela conservação das MTs?

Silval - Não, porque todos os anos é assim. Vou terminar meu mandato, vai vir outro governador e depois mais outro. Ou seja, daqui a 10, 15 anos, 20 anos, vocês vão estar criticando o governo, porque terá caminhão atolado sempre de janeiro a abril, pode marcar e gravar”.

HiperNotícias - Mas dentro de responsabilidade que compete ao senhor e à sua gestão, o que fazer até o final do seu mandato?

Silval - “Dentro de um programa macro, a gente tem uma preocupação constante com Mato Grosso. Primeiro a cada ano que passa a fronteira agrícola aumenta. Veja o preço que estão as commodities do agronegócio? Isso incita a cada proprietário ou a aumentar sua área de produção ou começar uma área de produção e isso vai avançando em todo o território. Quando sai uma logística, por exemplo da BR-163 , você faz o eixo daqui para Santarém e quando se faz o eixo estruturante, automaticamente, as margens da BR vão mudando a realidade da sua estrutura, pois onde normalmente trafega só carro de boi ou de madeira com pequena carga de 20, 25 toneladas passa a percorrer caminhão de 75, 80 toneladas. Então, isso exige uma mudança rápida demais em toda a estrutura, não só no ‘grade’ da estrada, como nas pontes, bueiros etc e isso vem ocorrendo todos os anos.

HiperNotícias - Mas o Estado não tem essa estrutura em termos de equipamentos?

Silval – Foi por isso que nós idealizamos aquele programa de máquinas que o Blairo (Maggi, ex-governador e antecessor de Silval) comprou e que eu estou pagando. Onde cada prefeitura pudesse ter seu equipamento para fazer o socorro, a emergência. Tanto que foram 720 equipamentos que estão espalhados em todo Estado de Mato Grosso, mais as 225 máquinas dos consórcios.

HiperNotícias - Inclusive já há denúncias, até de deputados da Assembleia, de que esses equipamentos já estejam sucateados...

Silval – Veja bem: há os dos consórcio, que são de 2007, e os das prefeituras foram entregues em 2010. São equipamentos novos em sua maioria ou que estão fáceis de serem recuperados. Agora, o problema é que você olha todas as matérias de televisão, sites, fotos e sempre que tem um atoleiro, qual tipo de caminhão que tem ali? É só treminhão com carga excessiva de madeira, soja etc. E tem região, por exemplo, que tem atoleiro e que não temos muito o que fazer, a não ser colocar as máquinas para arrastar caminhão.

HiperNotícias - O que o senhor vê de diferente nesse ano de chuvas em Mato Grosso?

Silval – Esse ano foi atípico, janeiro por exemplo, quando chove, tradicionalmente aqui na Baixada Cuiabana é no máximo 200 milímetros. Nesse ano choveu 600. Então são essas coisas que alteram a realidade. Mas estamos atentos, vamos fazer esse programa emergencial. Além das nossas máquinas, vamos ceder óleo diesel para os equipamentos que são nossos e estão em comodato com as prefeituras. E mais os que as prefeituras têm, além dos 720 equipamentos que estão à disposição, para assim que der um período de estiagem começarmos a fazer um tapa buraco e essas coisas. Por isso que idealizei, num planejamento a longo prazo, os eixos estruturantes, que ligam as cidades no Mato Grosso Integrado e que vamos começar agora, assim que parar a chuva.

HiperNotícias - E sobre os consócios de infraestrutura, governador, não seria agora o momento de repensar a forma que eles vêm trabalhando?

Silval – Estamos trabalhando normalmente com nossos consórcios. Os sindicatos continuam sendo parceiros, eles estão querendo assumir. Estamos querendo ver uma modalidade, porque esse maquinário dos consórcios já está com seis, sete anos. Talvez assim que a gente começar o asfalto do MT Integrado, talvez a gente troque esse maquinário para fazer outras estradas, fazermos um leilão do maquinário usado e comprarmos maquinários novos, devido a outras vias estruturantes que aparecem todos os anos, devido ao aumento da produção.

HiperNotícias - Governador, cogita-se na Assembleia Legislativa, como alternativa para que o Estado invista mais na infraestrutura dos municípios do interior, um outro financiamento junto ao Bando do Brasil, que seria na modalidade de consignação junto à folha de pagamento do Estado. Isso realmente é necessário?

Silval – Isso não existe. Os problemas só estão no interior, nos grandes centros, mais estruturados, não têm problema. Só no interior mesmo e lá já estamos com essas máquinas do Estado e da prefeitura dando trafegabilidade. E todo ano é assim, tem sempre uma estrada ou outra que fica intrafegável e que acaba virando alvo da Imprensa, especialmente nessa época de chuvas.

HiperNotícias - Só que nesse ano, é não é só “uma ou outra” como o senhor está dizendo. Há várias rodovias em estado crítico devido ao aumento no volume chuvoso...

Silval – Não, no ano passado também houve grande volume de água, mas independente do volume de chuva, todo ano temos problema de estrada e quando tranca uma estrada, vira alvo da Imprensa, e isso é normal.

HiperNotícias - Governador, o Estado já tem o Fethab, uma fonte de renda que, ao menos em tese, teria que ser aplicado na recuperação dessas estradas. O que está acontecendo com esse dinheiro, não está sendo suficiente?

Silval – O dinheiro do Fethab foi sufiente sim, estamos fazendo obras da Copa, nos últimos anos construímos 600 quilômetros de asfalto, recuperamos e construímos várias pontes, reestruturamos várias estradas. Mas, em Mato Grosso, com a dimensão territorial que tem e a ampliação da produção, vamos continuar tendo durante um ano, dois anos, dez anos, problemas de estrada.

HiperNotícias - Mas e se os recursos forem ampliados?

Silval – Pode até ter o recurso que for, porque a produção vai aumentando. Temos 30 mil quilômetros de estradas estaduais, só seis mil quilômetros pavimentados, dessas seis mil, quatro mil são estradas com mais de 20 anos e o que vai acontecer, mesmo que a gente incorpore o MT Integrado, fazendo mais 2 mil quilômetros, vamos ter oito mil asfaltados e vamos ficar com mais de 22 mil quilômetros de estradas só de competência do Estado. Além de outros cem mil quilômetros de competência dos municípios, então todo ano vai ter atoleiro.

HiperNotícias -Não seria o caso de o Estado colocar balanças nas Estradas para controlar o peso dos caminhões e carretas?

Silval – Eu acho que tem que fazer, mas temos uma situação diferente. Por exemplo, quando eu vim para MT, em 1977, nesse início de chuvarada, ali no Trevo do Lagarto, tinha o Exército e quando chegava dezembro o 9º BEC trancava a BR-163 com um correntão e só permitia que trafegasse caminhões com até 10 toneladas e era uma BR nova naquela época. Então, isso ficou por muitos anos.

HiperNotícias - Mas a realidade, especialmente a econômica do Estado, hoje é bem diferente...

Silval – Sim, hoje a realidade de Mato Grosso mudou, na época não tinha produção de soja, de algodão, milho, madeira. Mas, então o que ocorre, estamos implantando o sistema de asfalto, de recuperação de estradas, entre o consórcio do Estado e os equipamentos que foram doados para as prefeituras. Só o Estado tem quase mil equipamentos, os consórcios têm que se organizar e estabelecer uma tara de peso para trafegar nesse período e se não for mais 10 toneladas como antigamente, vamos ver se nossas estradas e pontes aguentam 25, 30 toneladas e permitir apenas isso e não mais 80, 100 toneladas como ocorre. As associações, os sindicatos falam muito nisso nessa época, mas depois param.

HiperNotícias - Até parecem problemas eternos de Mato Grosso, governador...

Silval - Tomara que Deus ajude que nós continuemos com esse problema, porque a produção vem aumentando, a geração de emprego também e esse é o preço do progresso. Que bom se a gente tivesse recurso para refazer todas as nossas estradas, erguê-las no nível normal de 4, 5 , metros, deixá-las cascalhadas e com barra de asfalto. Mas não é a nossa realidade, e mesmo com os financiamentos, não temos recursos para isso. Temos que trabalhar com o que temos, fazendo o máximo de parcerias. Os prefeitos e as associações têm ajudado e tenho certeza que não vamos deixar de trabalhar. 


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