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Relatório da CGU aponta falhas no PSF que podem ocasionar demandas judiciais aos gestores do SUS


18-02-2013 10:40 - Legisus

Em recente relatório divulgado pela Controladoria Geral da União, foram apresentadas graves falhas na execução do Programa Saúde da Família, oriundas da fiscalização de 354 municípios.

A fiscalização tomou em consideração o período de 2008-2011, revelando, desde logo, a tímida ação da CGU, tendo em vista que o percentual das auditorias em mais de 3 anos foi de pouco mais de 6%, tomando-se em consideração o total de 5.565 municípios; entretanto o resultado, de certa forma, já era conhecido, até mesmo por não fugir a outra fiscalização realizada em um período comum, pelo DENASUS, e divulgado no jornal “o globo”, ao final de março de 2011, onde a Controladoria noticia:

Materiais, equipamentos e de infraestrutura física - em 46% das Unidades Básicas de Saúde - UBS (649 de um total de 1.412 UBS visitadas) não havia condições físicas adequadas para o atendimento à população. Ademais, 33% dos Agentes Comunitários de Saúde entrevistados (470 de 1.406 ACS) não dispunham de materiais/equipamentos necessários ao bom desempenho de suas funções.


Ações básicas junto às famílias - 41% (3.983 de 9.639) dos entrevistados afirmaram que o ACS não agendou previamente consultas a serem realizadas nas UBS; 48% (5.274 de 11.053) informaram nunca terem sido convidados para participar de palestras e reuniões para orientação sobre os cuidados com a saúde; 8% (917 de 11.316) informaram que os Agentes Comunitários de Saúde não realizaram visitas domiciliares, sendo que 13% (1.396 de 10.446) informaram que as visitas ocorrem em períodos maiores que um mês.
Cumprimento da carga horária semanal de 40 h - verificou-se que o percentual de absenteísmo de pelo menos um médico em cada um dos municípios fiscalizados atingiu 67% (233 de um total 348municípios); quanto aos enfermeiros, o grau de inassiduidade atingiu 36% (127 de 348 municípios fiscalizados); no tocante aos odontólogos, a ausência atingiu 60% (190 de 319 municípios fiscalizados que possuíam Saúde Bucal).

(*) O relatório não menciona se os municípios pesquisados haviam ou não aderido a Portaria nº 2.488/2011, de 21/10/2011, que dispõe sobre a flexibilização da carga horária estabelecida para estes profissionais integrantes das Equipes a partir da competência de outubro de 2011.
O Ministério da Saúde, através de seus órgãos de fiscalização, na publicação do jornal mencionado detectara, entre 2004 e 2009, um percentual de 40,22% em 982 municípios auditados.

Aplicação dos recursos financeiros - Em 17% dos municípios fiscalizados (61 de 354 municípios) os recursos da Estratégia de Saúde da Família não foram aplicados no atingimento dos objetivos da Ação.
Para o Ministério da Saúde, na auditoria que realizou no período e forma mencionados, o percentual chegou a 23,73%.

A comparação do relatório da CGU com a citada auditoria realizada pelo Ministério da Saúde evidencia a falta de integração entre os dois importantes órgãos federais, pois se os mesmos tivessem uma identificação maior a comparação poderia gerar produtos bem mais importantes; aliás, até hoje fica a indagação da necessidade da existência da duplicidade de órgãos de fiscalização para fins praticamente idênticos, pelo menos na área da saúde, melhor dizendo, se o DENASUS e a política de fiscalização foi criado há mais de 20 anos, porque razão houve a necessidade da criação da CGU???!!!

De qualquer forma, tanto a aplicação irregular dos recursos do SUS, como o descumprimento da carga horária por parte dos profissionais de saúde, vem gerando a propositura de demandas do Ministério Público contra os gestores de saúde; e, uma situação é o descumprimento de carga horária em um pequeno período, outra coisa é a rotina de tal prática; uma situação é aplicar os recursos do PSF em outra área em um eventual momento difícil, outra coisa é a constância dos erros. Estas situações erradas dificilmente livrarão os gestores da saúde de terem que compensar, com recursos do próprio bolso, as falhas cometidas. 


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