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Hospital gerido por OSS é palco de corrupção


31-01-2013 16:12 - Circuito MT

Enquanto o Governo do Estado faz um grande esforço para mostrar à população o quanto foi genial a ideia de privatizar a saúde – utilizando-se de duvidosas propagandas institucionais –, a corrupção caminha a passos largos no gerenciamento das internações para cirurgia em hospitais geridos por Organizações Sociais de Saúde (OSSs), em especial no Hospital Metropolitano de Várzea Grande.

A denúncia veio do paciente Joaquim (nome fictício), morador da cidade de Paranatinga, localizada a 320 km de Cuiabá, que esperava atendimento na porta da instituição. Segundo Joaquim, ele está há mais de cinco anos à espera de uma cirurgia ortopédica, por problemas relacionados a uma tendinite nos ombros causada pelo esforço excessivo da sua profissão. O paciente conta que foi procurado por um funcionário da Central de Regulação de Vagas e induzido a pagar uma propina no valor de R$1 mil, com a promessa de conseguir marcar o procedimento ainda para este semestre. Desesperado com a demora dos atendimentos e com muitas dores causadas pela doença, acabou cedendo e entrando no esquema criminoso.

“Eu dei uma entrada de R$300,00 e o restante do pagamento ficou combinado para o dia da minha internação, mas até agora ele não me deu retorno sobre a data. O problema é que agora ele fica me ligando e pedindo mais dinheiro para conseguir a data e eu estou ficando muito preocupado”, relatou apreensivo.

Ainda segundo Joaquim, com medo de ter sido enganado, ele procurou o médico que o atendia e relatou o drama que estava passando. Sem espanto, o médico só o aconselhou a não realizar mais nenhum pagamento ao funcionário até a realização do procedimento cirúrgico. “Olha, o médico não se surpreendeu com o que estava acontecendo, mas aparentou bastante indignação com o problema. Agora como não tem outro jeito, eu continuo com o acordo porque infelizmente eu preciso me sujeitar a isso”.

Joaquim ainda relatou ao Circuito Mato Grosso que até chegar a este ponto sofreu muito na tentativa de um atendimento digno, já que na sua cidade não existe um médico ortopedista. Desde os primeiros sintomas da doença, o trabalhador teve que ser afastado das suas funções e passou a viajar até três vezes por semana para Primavera do Leste, a 140 km da sua cidade.

“Em Primavera, fui tentando um tratamento pelo SUS, mas como estava demorando muito comecei a fazer consultas particulares. Gastei muito, cada consulta ficava uns R$150,00. Depois de esperar por quatro anos um exame de ressonância magnética solicitado pela Central de Regulação do município, decidi fazer particular mesmo. O problema é que custou R$850,00. Foi quando o médico me disse que era caso de cirurgia”.

Com os recursos financeiros já comprometidos, o trabalhador retomou o tratamento usando exclusivamente o SUS. Há um ano e meio, após várias perícias, Joaquim foi afastado definitivamente das suas funções no trabalho até a realização da cirurgia e a recuperação total.

Mesmo com os laudos de três especialistas diferentes e uma solicitação da Central de Regulação, o médico perito do Hospital Metropolitano negou que Joaquim necessitasse do procedimento, prescrevendo mais três meses de fisioterapia. 


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