Amanhã, dia 15/03, o MT-Hemocentro
completa 30 anos de atuação, tendo a doação de sangue como seu serviço mais
conhecido e reconhecido pela população. Todos os doadores de sangue,
simpatizantes e apoiadores da causa, pacientes e servidores estão convidados
para a cerimônia de congraçamento entre os públicos que coexistem no local, a
partir das 09h. Haverá apresentações culturais, coffee break e um bolo para
celebrar a existência de uma das instituições públicas mais importantes de Mato
Grosso. Apesar de mil motivos para comemorar, existe uma realidade de lutas
incansáveis de quem está do outro lado do ‘balcão’: os servidores.
O MT-Hemocentro, criado em 15 de março
de 1994, oferta um serviço público que gera vida em todas as etapas do seu
atendimento. Mais que salvar vidas, o trabalho dos hemocentros públicos e
coordenadores dos serviços hematológicos pelo país preserva e conserva vidas.
Afinal, em que pesem os quase diários anúncios sobre os avanços da ciência e da
medicina, ainda não existe tecnologia capaz de produzir sangue artificialmente.
“E por esse motivo, a doação de sangue é extremamente importante para salvar
milhares de vidas”, frisa o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da
Saúde do Estado de Mato Grosso (SISMA/MT), Carlos Mesquita.
Como destaca Mesquita, o trabalho
intenso e diuturno no MT- Hemocentro, por exemplo, não cessa com a coleta, análise
e tipificação do sangue. “Ainda hoje, mesmo com inúmeras campanhas tratando da
importância da doação de sangue, com informações de fácil acesso sobre o tema
na internet, os servidores da Saúde ainda têm de se desdobrar para manter um
estoque regular, às vezes mínimo mesmo, no banco de sangue público. Para isso
eles, mais que servidores internos de um hemocentro, são multiplicadores da
importância em se doar, no intuito de conscientizar cada dia mais a população e
fazê-la ser doador ou doadora regular e fidelizada”. A diretora de comunicação
do SISMA, Magda Matos, que foi captadora de doadores de sangue por 15 anos no
MT-Hemocentro, frisa: “Essa é uma luta diária de quem atua no hemocentro
público, que não exige devolução sanguínea aos seus pacientes, realizando por
sua vez, captação hospitalar com responsabilidade, solidariedade e respeito aos
pacientes e suas famílias. A doação de sangue deve ser anônima, altruísta,
voluntária e responsável”.
Ainda como destaca o presidente do
SISMA/MT, Mesquita, mais do que coletar o sangue e fazer com que ele possa
salvar até quatro vidas, o trabalho de um hemocentro leva à descoberta de
pessoas de ‘sangue raro’ que, em sua quase maioria, desconhece sua condição,
mas esta é uma situação que precisa de monitoramento. “Existem os casos aqui em
Mato Grosso, além dos grupos sanguíneos de maior importância, como os sistemas
ABO (A, AB e O), Rh, Kell, Duffy e Kidd, dos chamados sangues raros, que são
mais difíceis de encontrar na população de doadores e pacientes. Quando há um
doador com esse tipo sanguíneo, ele deve seguir as orientações do hemocentro
quanto à frequência de suas doações. Há uma demanda pelo chamado antígeno U
negativo. Em segundo lugar, temos a substância Kel negativo e o Kidd nulo e
esses doadores, identificados após a doação e análise da sua bolsa de sangue
passam a integrar o Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR). Depois que os
Hemocentros públicos identificam integrantes de sangue raro, inicia-se uma
busca ativa entre os familiares desses indivíduos para levar insumos ao
paciente que precisa desse insumo no menor tempo possível”, salienta.
O MT-Hemocentro também realiza o
cadastro de medula óssea, possibilitando a cura de doenças como leucemias,
aplasia de medula e doença falciforme, já tendo inclusive, conseguido inúmeras
vezes salvar a vida de pacientes até mesmo de outros países.
TRABALHO DESENVOLVIDO NO MT-HEMOCENTRO
PULSA! - Seja no corredor da doação de sangue, doando hemocomponentes,
incentivando e organizando campanhas, seja nos laboratórios, com o maior parque
tecnológico do Estado, seja no ambulatório, cuidando de pacientes
hematológicos, seja na gerência de produção, estoque e distribuição de sangue,
que funciona 365 dias do ano, em horário integral, para atender todas as
demandas de acidentes, queimaduras, cirurgias, seja no administrativo, dando
suporte a todas as áreas do MT-Hemocentro, o trabalho dos servidores pulsa, e
assegura e salva vidas em qualquer um dos setores da unidade. É assim que o
Diretor de Formação e Assuntos Sindicais do SISMA/MT – que é servidor do MT
Hemocentro e doador de sangue – Otto Ten
Caten, define o MT-Hemocentro. Ao falar de um tema que ele ama e tem paixão,
mesmo vibrando em cada palavra que vai retratando o trabalho interno desde a
captação de bolsas, Otto lamenta a falta de valorização e reconhecimento desses
servidores. “Todos nós somos servidores de luta, fizemos história lutando
contra as Organizações Sociais de Saúde (OSS's) e seguiremos no front contra a
nova investida dessas instituições, sem qualquer vocação para o atendimento de
saúde no SUS. Lutamos por um SUS humanizado, digno e especialmente, não abrimos
mão desses princípios quando se trata da doação de sangue. Há 30 anos, levamos
amor e empenho aos nossos pacientes, nos quatro cantos de Mato Grosso”.
O QUE NÃO SE VÊ – No
papel de líder sindical, Carlos Mesquita frisa que a batalha diária pelos
estoques no banco de sangue é só uma parcela da luta que esses servidores
travam todos os dias. Além da falta de valorização profissional, servidores
denunciam “uma absurda falta de profissionais e sobrecarga de trabalho.
A Saúde está há mais de 20 anos sem
concurso público. Além de não ter servidores concursados para ampliar o
atendimento e oxigenar os departamentos das unidades, a falta de pessoal é
potencializada pelas justas aposentadorias requeridas e concedidas ao longo
desse período. Há setores com déficit de pessoal de mais de 50% no curto
prazo”, relata o dirigente sindical. Segundo ele, a própria SES publicou em
diário oficial o lotacionograma que demonstra enorme desajuste entre servidores
efetivos e contratados que, após dois anos, não têm mais como prorrogar seus
contratos, fazendo com que a continuidade do conhecimento se perca, ocasionando
risco grave para as especificidades técnicas exigidas dentro do SUS público,
humanizado, gratuito e de qualidade.
"Luta dos servidores contra as OSS's em 2012".
COMO DOAR?
Interessados devem procurar um
Hemocentro (Lista de hemocentros no Brasil) ou Unidades de Coleta e Transfusão
no interior do Estado de Mato Grosso, para checar os requisitos necessários e
conferir os impedimentos temporários e definitivos. O intervalo de doação é de
dois meses para homens, restrito a quatro doações por ano. Para mulheres, as
doações podem ser feitas de três em três meses, sendo no máximo três doações
anuais.
REQUISITOS PARA DOAÇÃO
Estar saudável
Ter entre 16 e 69 anos
Ter mais de 50kg
Já ter doado alguma vez, no caso de
pessoas entre 60 e 69 anos, para repetir o procedimento
Apresentar o consentimento formal dos
pais, se menor de 18 anos.
Documentos necessários:
Identificação oficial com foto
(Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação, Carteira de
Trabalho, Passaporte, Registro Nacional de Estrangeiro, Certificado de
Reservista e Carteira Profissional emitida por entidade de classe); ou documentos
digitais com fotos.
No dia da doação:
Dormir ao menos seis horas nas 24h
anteriores à doação
Alimentar-se bem
Evitar alimentos gordurosos nas três
horas que antecedem a doação de sangue
Aguardar pelo menos duas horas para
doar sangue após o almoço.
Impedimentos temporários
Pessoas com gripe, resfriados ou com
quadro de febre (necessário aguardar dez dias, após o desaparecimento total dos
sintomas)
Mulheres no período gestacional não
podem doar sangue; no pós-parto, esperar
90 dias se parto normal e 180 se cesárea, ou em período de amamentação
(aguardar após o primeiro ano de aleitamento materno do bebê)
Consumo de bebida alcoólica: esperar
12h após a ingestão
Tatuagem e/ou piercing: esperar doze
meses para doar (no entanto, se o piercing for em cavidade oral ou região
genital - áreas de mucosa - , a pessoa precisa fazer a retirada do piercing e
aguardar 12 meses para voltar a doar sangue); se as condições de realização
desses procedimentos forem seguras (após avaliação da entrevista) o período
pode ser menor
Extração dentária: aguardar 72h
Casos de apendicite, hérnia,
amigdalectomia (retirada das amígdalas palatinas) e varizes: esperar 3 meses
Colecistectomia (retirada da vesícula
biliar), histerectomia (retirada do útero ou do colo do útero), nefrectomia
(retirada de um dos rins), redução de fraturas, politraumatismos sem sequelas
graves, tireoidectomia (remoção da glândula tireoide), colectomia (retirada de
parte ou de todo o intestino grosso): aguardar 6 meses
Transfusão de sangue: esperar 12 meses
Vacinação: tempo de impedimento varia
de acordo com a vacina
Exames ou procedimentos com aparelhos
endoscópicos: aguardar seis meses
Expostos a situações de risco
acrescido de infecções sexualmente transmissíveis: esperar 12 meses após o contato
Após Hepatite A, aguardar 12 meses.
QUEM NÃO PODE DOAR?
Pacientes que tiveram suspeita ou
outros tipos de hepatite
Suspeita ou evidência
clínica/laboratorial de Hepatites B e C, do vírus da imunodeficiência humana
(HIV), do vírus T-linfotrópico humano I e II (HTLV) (da mesma família do HIV, o
HTLV atinge os linfócitos T, as células de defesa do organismo) e doença de Chagas
Uso de drogas ilícitas injetáveis
Malária (depende do tipo de agente
causador, do tempo após o tratamento e a completa cura; na maioria dos casos, o
tempo de impedimento é de 12 meses). (Com Ministério da Saúde)