O Sindicato dos Servidores da
Saúde (SISMA/MT) convoca todos os servidores do SUS a comparecer à Assembleia
Legislativa de Mato Grosso (ALMT) amanhã, 06, às 09h, para mostrar aos
deputados estaduais do Estado o descontentamento da categoria com o Projeto de
Lei Complementar 56/2023, o chamado “PLC da Escravidão da Saúde”, que quer
impor uma proposta absurda de aumento da jornada laboral sem a devida
incidência de acréscimos ao subsídio base dos servidores.
Esse PLC irá repercutir em
prejuízo para todo o funcionamento da saúde pública do Estado, em se tratando
dos impactos na vida do trabalhador e na qualidade do atendimento à população
do Estado, uma vez que, se aprovado for, além de ampliar à exaustão a carga
horária dos trabalhadores da saúde em 25%, sem aumento no salário-base, ele irá
comprometer a rotina de trabalho dos serviços de saúde. A carga horária está regulamentada
desde 2011 pela Lei Complementar 441.
A proposta do governo estadual
pode entrar em votação nesta quarta-feira, dia 06, e o Presidente do SISMA,
Carlos Mesquita, enfatiza a necessidade dos deputados usarem o bom senso quanto
à essa pauta, apoiando os servidores públicos do SUS, votando NÃO ao PLC 56/23
e reconhecendo o valor desses trabalhadores, que não esmoreceram e estiveram na
linha de frente no enfrentamento da pandemia da COVID-19 e continuam atendendo
com extremo profissionalismo e eficiência em inúmeras outras crises sanitárias
que seguem acontecendo.
“O PLC 56 nos surpreendeu pelo
seu teor, porque ampliar a demanda para uma força de trabalho que já executa as
funções em carga horária regulamentada no limite, explorando ao máximo
justamente o servidor que se doou e enfrentou uma crise sanitária gravíssima é
extremamente injusto. Há possibilidade real de erro, por conta de carga horária
extenuante. Isso pode ocasionar queda da qualidade no atendimento à população e
ter reflexo na saúde mental dos servidores, por exemplo”, salienta Mesquita.
O secretário de Estado de
Planejamento e Gestão, Basílio Santos, veio a público afirmando que os
servidores ficariam satisfeitos por “ganhar” plantões a mais. Porém, como
destaca Mesquita, é interessante frisar que não houve nenhum diálogo com a
categoria ou o sindicato e que o pagamento de plantão não é salário e nem
prêmio, e, que a proposta do governo tão somente prioriza aumento de carga
horária sem nenhum aumento no salário da categoria, refletindo a razão deste
PLC estar sendo chamado de “PLC da escravidão da Saúde”! “O pagamento do
plantão é uma compensação instituída por Lei pela disponibilização do servidor
em cumprir carga horária em jornadas de 12h, com cobertura integral do
atendimento, em escalas diurnas e noturnas, finais de semana e feriados,
abdicando de estarem reunidos com seus familiares em momentos normalmente de
descanso”.
A área da Saúde, reconhecidamente
essencial à vida humana, não pode parar. “Alguns serviços funcionam 24h por
dia, 365 dias ao ano, para que a população não fique desassistida. Mesmo
durante a pandemia, os servidores do SUS não pararam, ainda que houvessem
riscos a sua própria saúde. E são estes servidores que foram e são o
sustentáculo necessário para manter a saúde da população os que primeiro vão
sentir os impactos dessa PLC 56, sendo reduzidos os seus dias de descanso,
entre os plantões já existentes”, argumenta o presidente do SISMA.
Ele lembra ainda que nos 21 anos
sem concurso público, a força de trabalho atual já é obrigada a cobrir os
serviços daqueles que se aposentaram e não foram substituídos. “A Saúde é a
ÚNICA categoria do Estado sem concurso para entrada de novos servidores, nessas
duas décadas. Com o efetivo reduzido em mais de 40%, como aponta o próprio
lotacionograma da SES/MT, publicado no DOE do dia 03/08/2022, é preciso atender
a uma população que cresceu exponencialmente, ao contrário do número de
servidores que a acolhe. O governo do estado, em vez de realizar concurso
público para ampliar o número de servidores e atender com mais agilidade,
resolveu usar a tática de extrapolar o número de horas trabalhadas pelos
servidores que já estão na ativa, de forma arbitrária e injusta”.
O SISMA, em articulação na
tentativa de abrir diálogo com a ALMT, e para alertar sobre o risco dessa PEC,
protocolou uma Carta Aberta em todos os gabinetes dos deputados estaduais,
salientando a necessidade de que ouçam os servidores da saúde e votem NÃO ao
PLC 56/2923, para que não haja prejuízo aos serviços executados com esmero pela
categoria.
“Amanhã (06), às 09h, estaremos
juntos na ALMT para lutar contra o PLC 56, com a força dos nossos servidores
que estão vindo do interior, para somar conosco e mostrar que a insatisfação é
geral! Estamos convocando os servidores da capital, de Várzea Grande e todos os
que puderem fazer ecoar a sua voz contra essa proposta absurda, que beira à
escravidão!”, alerta Mesquita.