(65) 3661-5615 / (65) 3661-5491
Clipping

Manifestantes fazem plantão em frente a SES contra OSS no SAMU


15-01-2013 10:31 - Olhar Direto

“O samuzeiro... É meu amigo... Mexeu com ele, mexeu comigo”. Assim entoava um grupo de manifestantes, de frente à Secretaria de Estado de Saúde (SES), em protesto contra o que eles chamam de privatização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu): A entrada de uma Organização Social de Saúde (OSS) na gestão do Samu.

E a escolha da tarde desta segunda-feira (14) para a realização do protesto não foi por acaso. Nesta data termina o prazo de chamamento às OSS para gerir o Samu. Portanto, se alguma empresa ainda tivesse o interesse de entrar na concorrência precisaria se apresentar até esta segunda e, inevitavelmente, ter de passar pelo cordão humano contrário a entrada da iniciativa privada dentro do setor de atendimento de urgência e emergência.

“Não importa se você tem plano de saúde, quando você sofre um acidente você é socorrido pelo 192, pela (sic) Samu. Mas quando passarem para uma OSS vai começar a existir uma visão de mercado e vão atender primeiro quem der mais lucro”, bradava Lehu Wânio, no microfone ligado ao caminhão de som que fazia a manifestação ecoar pelas ruas do Centro Político Administrativo, apesar dos poucos presentes.

Responsável por puxar o coro das palavras de ordem, Lehu, membro do fórum intersindical e coordenador do Diretório Central dos Estudantes da Unic, em conjunto dos cerca de 70 manifestantes que estavam de plantão em frente à SES desde 13h, acusava o Governo de estar promovendo o sucateamento de vários serviços de saúde em busca de uma justificativa para privatizá-los. Estratégia supostamente repetida no Samu.

Entre 2011 e 2012 o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência teria ficado praticamente sem manutenção, passado por contratempos na compra de medicamentos, além de manter incompleto o quadro de médicos responsáveis pelo plantão diário. Segundo os servidores do Samu, nem mesmo a mecânica elétrica das ambulâncias e motolâncias estavam em dia, o que colocaria em risco tanto a vida dos funcionários, quanto dos resgatados.

“É um sucateamento proposital para justificar a entrada das OSS. Uma estratégia para atender interesses políticos e econômicos de poucos”, argumentou Mari Gemma de La Cruz, da comissão de Saúde do Trabalhador do Samu. Ela afirma que relatórios de todo o país mostram como esse tipo de gesta leva ao sucateamento do serviço, ao constrangimento dos servidores e ao desperdício de verba pública.

Apreensivos com o futuro, os servidores do Samu marcaram presença na manifestação. Uniformizados, acompanhados de duas ambulâncias e três motolâncias, eles questionavam o fato de a única empresa a demonstrar interesse em assumir o atendimento móvel não ter experiência com esse tipo de serviço.

“A única empresa que fez visita técnica, se mostrou interessada, é uma empresa de ginecologia e obstetrícia. Empresas experientes nesse ramo foram bloqueadas, não puderam participar. Quer dizer, isso parece ‘cartas marcadas’. E o que vai ser do serviço?”, disse Aparecida de Souza, técnica de enfermagem do Samu desde 2004, quando surgiu o serviço.

Outra reclamação dos manifestantes era o fato de, mesmo após terem conseguido mais de 29 mil assinaturas a favor de uma lei que proíba a implantação de OSS e a revogação dos contratos já estabelecidos, os deputados estaduais ainda não terem apresentado o projeto o projeto de lei na Assembleia Legislativa.

“Os nossos representantes, os deputados que nós elegemos, não estão nos atendendo. Entregamos mais de 27 mil assinaturas para eles. Já temos mais de 29 mil, quase 30 mil. Vamos continuar reunindo assinaturas. Vamos juntar 100 mil se necessário. Eles vão ter que nos ouvir”, disse Alzita Ormond, presidente do Sindicato dos Servidores de Saúde Pública e Meio Ambiente.

O outro lado

Através de nota, a SES afirmou que não se manifestará a respeito da manifestação. De acordo com a assessoria de imprensa, o ato é parte da democracia, mas deverão permanecer inalterado os planos de se buscar parcerias com OSS.

“A Secretaria de Estado de Saúde não se manifesta em relação às manifestações do sindicato, uma vez que respeita o movimento e entende que faz parte da democracia. Porem segue com sua meta de buscar parceiro por meio de Organização Social de Saúde, por entender que o modelo é eficiente e contempla as necessidades do Estado”.  


Deixe Seu Comentário


Links rápidos