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Em briga de cachorro grande...


04-02-2021 12:54 -

Se há um ditado que explica bem a situação atual que vive o país e as relações internacionais praticadas pela equipe de Bolsonaro é este: “em briga de cachorro grande, quem mete a mão acaba mordido”.   No Brasil, não são somente esquerdistas e comunistas que possuem ideologia. O governo federal resolveu enfrentar dois “cachorros” grandes, China e Índia, com mais veemência a China, já que com a Índia foi o posicionamento do Brasil contra a quebra de patentes das vacinas na Organização Mundial do Comércio o que possibilitaria que os países mais pobres pudessem fabricar a vacina contra a covid-19.   E todo esse enfrentamento em um apoio aberto, irrestrito e cego a uma terceiro “cachorro grande”, os Estados Unidos.   Para entendermos bem porque o Brasil, um país em desenvolvimento, deveria agir com mais cautela, vamos conhecer esses países.   A República Popular da China fala o mandarim, o primeiro país em número de habitantes e a segunda economia do mundo, tem em Pequim sua capital.   A China é hoje na economia global a maior exportadora, a que mais vende para o resto do mundo, ultrapassando os Estados Unidos e a terceira em importações, ou seja, compra do resto do mundo.   Essa diferença entre o quanto vende e o quanto compra fez a China ter um superávit em 2019 na balança comercial de 423,6 bilhões de dólares. O país vendeu para o resto do mundo, em 2019, principalmente equipamentos de transmissão, unidades de disco digital, peças de máquinas de escritório, circuitos integrados e telefones, segundo o site FazComex.   A Índia é o que denominamos de país emergente, todo o cenário atual aponta para que daqui a alguns anos, o país se torne uma potência econômica global. Obviamente, ainda há grandes desafios, como os péssimos indicadores sociais e uma população vivendo em sua maioria  na zona rural. A meta do governo indiano é, em 2032, ser a terceira economia mundial, atrás somente dos Estados Unidos e China.   A população indiana é a segunda maior do mundo, sua capital é Nova Delhi. Não há uma só língua, mas a mais popular é o Hindi. A Índia só obteve a sua independência da Colonização Inglesa há apenas 64 anos  e já é a sexta no ranking das maiores economias mundiais.   Agora vamos falar do último “cachorro” que aqui poderia ser o nosso bom e conhecido cachorro caramelo, o Brasil.   Ao se comparar os três países, é nítido que o Brasil não está em condições iguais de desenvolvimento, principalmente industrial, e muito menos de balança comercial.   Enquanto a China e a Índia vendem para o mundo tecnologia, manufaturas e serviços, o Brasil vende basicamente produtos in-natura, ou seja, sem nenhum ou pouco trato industrial.   Em 2019, o Brasil vendeu para a China estes produtos: soja, carne de frango, carne bovina, açúcar bruto, celulose, café e farelo de soja; e comprou produtos manufaturados, plataformas de perfuração ou de exploração, partes para aparelhos de telefonia, como circuitos impressos, artes de aparelhos transmissores ou receptores, motores, geradores e transformadores elétricos, entre outros.   Em 2020, segundo estudos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil pode deixar de integrar o grupo das dez maiores economias. Uma das razões é a pandemia, mas também temos a desvolarização do real frente ao dólar e a ausência de políticas públicas que incentivem a geração de empregos e renda.   Na verdade, o Brasil fez ao contrário, aprovou duas reformas, a trabalhista e a previdenciária, o que reduziu a renda disponível para o consumo do trabalhador, pois precarizou e intensificou os vínculos trabalhistas. Assim, não há economia que se recupere se não houver mercado interno de consumo.   Sem mencionar a Lei Kandir, que desestimula a industrialização, mas isto fica para um outro artigo.   Mesmo antes da pandemia, o Brasil vinha tomando um caminho estranho nas relações comercias internacionais. Para um país basicamente de economia primária, brigar com os grandes é, no mínimo, insensato e, no máximo, um suicídio econômico.   E o troco veio. A China, que detém o mercado farmacêutico mundial, não tem no Brasil, após as declarações dos membros do governo brasileiro, uma prioridade no atendimento das nossas necessidades.   A sorte do cachorro caramelo é que o país possui instituições fortes e respeitadas internacionalmente, como a FIOCRUZ e o Butantan, que estão conseguindo amansar e avançar, ainda que não na urgência que o país precisa, na vinda das vacinas e dos insumos necessários para a produção nacional.   VIVA A CIÊNCIA, VIVA O SUS.   Lucineia Soares é economista, mestra em Política Social e doutora em Sociologia.  


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