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Dois anos sem UTI


09-01-2013 16:05 - Caroline Rodrigues - Diário de Cuiabá

 Há mais de dois anos interditada, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do pronto-socorro de Cuiabá continua em obras. Desde que o Conselho Regional de Medicina e outras entidades fizeram uma vistoria e constataram a precariedade do ambiente, nada foi feito pelo poder público para sanar as irregularidades. 

Será que os gestores não conseguem ver a unidade como prioridade? 

Enquanto isso, crianças padecem e morrem. Lembro-me do mês de maio do ano passado, quando uma menina de quatro anos morreu de meningite em Cáceres, no Hospital Regional. 

Antes de chegar à unidade, ela, moradora da região Metropolitano (Cuiabá e Várzea Grande), passou por um hospital particular e pelo PS de VG, que não tinha uma vaga no isolamento disponível. 

Como a UTI de Cuiabá estava desativada, a alternativa foi transportar uma menina em estado grave por mais de 200 km. 

Ela foi apenas uma das vidas comprometidas pela falta de uma unidade especializada no PS de Cuiabá. Diariamente, pacientes são transferidos do local, que é especializado em pacientes em situação de urgência e emergência, devido à falta de UTI. 

Muitas das transferências são realizadas após uma decisão judicial, como aconteceu com o pequeno J.P, de dois anos e 11 meses. 

Ele veio de Tangará da Serra em estado gravíssimo, após ser vítima de maus-tratos. O menino foi vítima de espancamento e abuso sexual. 

Se não bastasse a violência e a total violação dos direitos humanos, cometidos supostamente pelos pais, o menino precisou passar pelo descaso do poder público, que o deixou por vários dias em uma semi-uti, mesmo com a indicação de UTI. 

O tio, único parente que apareceu para ajudar, teve que procurar a Justiça, depois que médicos do pronto-socorro, sensibilizados com a situação, o orientaram. Assim, J.P foi levado para um hospital particular. 

A situação é crítica e precisa ser revertida. Caso os gestores considerem caro pagar pela vaga em hospitais particulares, é melhor reformar e salvar vidas. 

Peço que os gestores avaliem e caso não consigam mais pensar com o coração, motivados pelos pequenos mato-grossenses que padecem nos corredores do PS, pensem com a razão e reduzam os custos com a transferência de pacientes para hospitais particulares. 


CAROLINE RODRIGUES editora de Cidades do Diário 


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