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Médico da família: antigo é necessário


26-11-2012 15:15 - Diário de Cuiabá

 “Uma noite, pelas 11 horas, acordaram com o tropel de um cavalo que parou mesmo à porta. A criada abriu o postigo do celeiro e falou alguns momentos com o homem que ficara embaixo na rua: Vinha buscar o médico, trazia uma carta. A carta, elegantemente selada com lacre azul, suplicava ao senhor Bovary que fosse imediatamente à herdade dos Bertaux para tratar de uma perna quebrada”.

O trecho, extraído do livro “Madame Bovary”, escrito por Gustave Flaubert e publicado em 1852, retrata uma das mais antigas profissões, que perdura até hoje: o médico da família e da comunidade.

Com o objetivo de tratar da pessoa e não somente da doença, aplicando educação e prevenção da saúde de forma contínua e frequente, há dois tipos de médico da família, um mais e outro menos conhecido. No primeiro grupo estão os do sistema público de saúde, que trabalha com uma equipe em determinada comunidade. Mas há também o médico da família na rede privada, cujo paciente tem maior liberdade em relação à freqüência das consultas e à visita domiciliar, e

“Esse médico é um generalista que tem o contato com as pessoas antes mesmo da doença, ou ainda depois que esta seja curada. Ele é a porta de entrada da família para o sistema de saúde”, explica o professor da Universidade Federal de Mato Grosso, especialista em medicina da família e da comunidade, Reinaldo Mota. “Se ela ficar doente, o médico de família é o primeiro a saber e é ele quem a encaminha para um especialista, se for necessário”.

De acordo com o diretor financeiro da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (MFC) e médico de MFC da prefeitura de Cuiabá, Cleo Borges, esta é uma especialização como outra qualquer, reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1981. “As pessoas acham que o médico de família se restringe ao sistema público de saúde, quando na verdade é um médico comum, que atende independente de ser pelo SUS ou por planos de saúde”.

A principal diferença entre os médicos de família do sistema particular e público é a existência do agente comunitário de saúde. Pelo SUS, o agente comunitário é quem deve visitar as pessoas pelo menos uma vez por mês. É ele quem faz o vínculo entre o médico e a comunidade, relatando os problemas que encontra, tanto na saúde dos pacientes, quanto de situações que possam comprometer o bem estar de todos. “Já no particular, estas visitas domiciliares ficam a critério da família, é ela quem convida o médico a ir a sua casa”, explica Borges.

A visita domiciliar por meio de planos de saúde é tabelada com o mesmo preço de uma consulta. De acordo com Borges, a freqüência com que o paciente vai ao consultório depende da necessidade de cada um. “A Organização Mundial de Saúde recomenda que as pessoas se consultem pelo menos duas vezes por ano com um médico, que de preferência é de atenção primária, como o de família e comunidade. Idealmente, um médico de família deve acompanhar a pessoa em todos os momentos de sua vida, desde que ela nasce até o momento de sua morte”.

O médico de família particular, apesar de não trabalhar com o agente comunitário, também atua junto com uma equipe, para dar o suporte necessário às famílias. Na equipe, é necessário, além do médico, enfermeiros, técnicos de enfermagem e técnicos de saúde.


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