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Secretário de Saúde de VG prevê demissões no PS e greve dos médicos pode não terminar este ano


22-11-2012 12:35 - Hiper Notícias

Na tentativa de solucionar o problema da greve dos médicos em Várzea Grande que completa 164 dias nesta quarta-feira (21), ou seja, mais de cinco meses, o secretário de Saúde do município, Marcos Boró (PSD) já articula a possibilidade de demitir os médicos plantonistas do Pronto Socorro do município.

De acordo com o secretário, que assumiu a pasta no último dia 2 após a renúncia do prefeito Tião da Zaeli (PSD) e demissão do então secretário, Marcos José da Silva, está ocorrendo várias reuniões informais com os profissionais para solucionar a greve e a “possibilidade de diminuir o efetivo número de plantonistas no Pronto Socorro está sendo analisada” e tem fortes indícios de ocorrer.

Ele explica que a principal reivindicação dos grevistas é o aumento salarial que alcance os R$ 9 mil. Hoje, a categoria recebe em torno dos R$ 6 mil mensais acrescidos de todos os adicionais e benefícios a que têm direitos. “O corte seria uma tentativa de diminuir o número de médicos para que seja possível pagar o valor desejado aos grevistas”, aponta.

Atualmente, no PS atuam em torno de 160 plantonistas e 200 pessoas são atendidas por dia, segundo secretário, mas ainda não há previsão de quando e de que forma ocorrerão as demissões, mas Boró ressalta que os médicos atuantes nos Postos de Saúde da Família (PSF) não serão atingidos com os cortes. “Estamos focados em investir na prevenção e não finalização, por isso, se ocorrerem às demissões será no PS mesmo”, aponta.

No entanto, o secretário ressalva que antes da demissão no Pronto Socorro, está previsto o corte de verbas na secretaria. Até o momento, mais de 500 funcionários foram demitidos de várias secretárias do município.

“Estamos fazendo um estudo de corte de gastos na secretaria e em último caso reduziremos os plantonistas. É isso que podemos fazer para solucionar a greve”, garante.

A pouco mais de um mês da secretaria de saúde receber novo secretário, Boró assegura que pretende entrar em contato com a equipe de transição do prefeito eleito Wallace Guimarães (PMDB) para que juntos possam dar andamento as negociações com os grevistas.

“A demissão é algo que pensamos agora para construir um futuro para o novo. É melhor ter menos servidores que trabalham hoje do que vários em greve amanhã. Devemos dar aumento salarial que possamos cumprir sem atrasar”, assinala.

Diante do cenário de dificuldades, o secretário garante que torce “para que tenha trégua nessa negociação para que o próximo prefeito possa sentar e negociar como deve ser” acenando para a possibilidade de não finalizar a greve ainda este ano.

“Para finalizar de vez com a greve, é preciso rever a questão de orçamento que só a próxima gestão poderá fazer, mas torço mesmo para que haja uma trégua”, afirma.

NA JUSTIÇA

Questionado sobre a audiência de conciliação que ocorre no Tribunal de Justiça (TJ) há, pelo menos, um mês, que intermediaria negociação entre médicos e secretaria de saúde, o secretário Boró afirmou não ter participado de nenhuma audiência.

No entanto, reiterou que a previsão é de que nas próximas reuniões, ele e a equipe de transição já tenham elaborado uma contraproposta para ser apresentada aos médicos. Nela, haveria a redução de efetivo.

“A greve ocorreu por uma questão financeira e falta de apoio do governo que não repassou recurso. Agora, para honrar aquilo que é de direito dos médicos, precisamos reduzir”, finaliza.

Vale ressaltar que mesmo com os médicos em greve, a Justiça determinou que 60% dos atendimentos de urgência e emergência no Pronto Socorro sejam mantidos.

OUTRO LADO

A reportagem entrou em contato com o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed) e a presidente, Elza Queiroz, que aguarda posicionamento oficial sobre as demissões, mas espera que, se elas ocorrerem, a população não seja prejudicada.

“O secretário é o gestor e se, na análise dele, tem plantonista em excesso, é melhor demitir. Mas não tenho nenhuma informação de plantonistas em excesso. Pelo contrário, sempre falta médico. Mas se ele [secretário] chegou a esta conclusão, que o atendimento não seja prejudicado”, assegura, reiterando que espera a audiência de conciliação no TJ que está parada aguardando a formação de equipe de transição há mais de 15 dias.

A reportagem procurou, ainda, o diretor do PS/VG, Geraldo Araujo e o assessor de gestão do PS/VG, Ludevaks Bonifácio para saber sobre a possibilidade de prejuízos aos pacientes com a decisão do secretário. No entanto, o diretor disse “não poder falar agora”, enquanto o assessor de gestão não foi encontrado.

GREVE EM CUIABÁ

Na capital, os médicos também estão com os braços cruzados. A paralisação dos profissionais dura 31 dias e as reivindicações se assemelham com as que ocorrem em Várzea Grande. A diferença é que em Cuiabá, o secretário de Saúde firmou um acordo com a categoria a partir de uma audiência de conciliação no Tribunal de Justiça (TJ) realizado em agosto.

Na época, a SMS se propôs a aceitar e cumprir a pauta de reivindicação da categoria em troca dos profissionais encerrarem a greve e retornarem as atividades.

No entanto, desde a audiência, a secretaria não vem cumprindo o acordo em sua totalidade. Cláusulas como o atraso no pagamento da complementação salarial, sobrecarga de trabalho, a não realização de concurso público para contratação de profissionais e a falta de planos de carreira específicos são alguns dos itens que não foram cumpridos.

“Na semana passada tivemos outra audiência de conciliação no TJ, sem sucesso. Vários itens são foram cumpridos e comprometem nosso trabalho. Por tanto, não voltaremos até resolvermos tudo”, finaliza a presidente do Sindimed.

A reportagem procurou conversar com o secretário de Saúde, Huark Douglas. No entanto, não obteve retorno nem da assessoria, muito menos do secretário.


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