Um dos maiores especialistas mundiais em estratégia competitiva, o norte-americano Michael Porter afirmou na segunda-feira (5), em evento em São Paulo, que o modelo em que o setor de saúde está estruturado atualmente está falido e que as empresas do setor precisam se reorganizar caso queiram seguir competitivas.
"A busca de valor para o paciente, e não o corte de custos, deve guiar a estratégia de todos os competidores desse mercado", afirmou Porter, professor de escola de negócios da Universidade Harvard e estudioso do tema de gestão de saúde há mais de uma década.
Ele participou de um encontro com cerca de 80 executivos das áreas de hospitais, laboratórios e tecnologia hospitalar na capital paulista.
Segundo Porter, buscar valor significa aumentar a qualidade dos resultados para os pacientes em relação ao dinheiro gasto nos tratamentos.
"Até agora, o sucesso financeiro das empresas não esteve conectado à entrega de valor ao paciente", disse o especialista.
"Estou convencido de que é possível resolver o problema que os sistemas de saúde do mundo inteiro enfrentam hoje trazendo esse tema (da criação de valor ao paciente) à discussão."
Segundo ele, no modelo atual, hospitais e outros participantes da cadeia -- fornecedores, laboratórios e clínicas -- estão focados em fazer mais procedimentos e tratamentos, que consequentemente geram mais receita, mas não necessariamente trazem resultados médicos positivos.
"O objetivo deve ser a melhoria na saúde, não mais tratamento."
MUDANÇAS
Para realizar essa mudança, o especialista propõe uma completa reestruturação das organizações de saúde.
Entre as iniciativas sugeridas por Porter, está a criação de grupos interdisciplinares de profissionais de saúde, especializados em determinados problemas médicos ou perfis de pacientes.
"Essas equipes estarão preparadas para avaliar aquele problema e podem resolver o caso mais rapidamente, em vez de estender a jornada do paciente por dias e dias, ao pedir exames e reencaminhar para outros especialistas - o que, por sua vez, eleva os custos", afirma.
Outro ponto fundamental da teoria do professor de Harvard é a medição de resultados.
Ele defende que a mensuração e a divulgação dos efeitos do atendimento na saúde do paciente podem elevar a competição no setor.
"A melhora dos resultados (médicos) é ótima para os pacientes e significa economia de custos para a indústria", afirmou.