(65) 3661-5615 / (65) 3661-5491
Clipping

Recursos atendem metade dos doentes que precisam


01-11-2012 11:15 - Jornal Diário de Cuiabá

Depois de diagnosticado, o paciente com câncer deve ser tratado em no máximo 60 dias. Caso isso não ocorra, a pessoa pode entrar com um processo na Justiça. É isso que um novo projeto de lei, já aprovado na câmara de senadores e deputados, quer estabelecer. No entanto, com a falta de estrutura dos hospitais e atrasos dos repasses para a saúde, a nova lei, se sancionada, deve ficar somente no papel.

O secretário municipal de saúde, Huark Douglas Correia, afirmou que a rede pública de saúde tem condições para absorver a demanda e tratar dos pacientes. O que falta, segundo ele, é financiamento. Atualmente com um orçamento de R$ 12 milhões por ano somente para o tratamento de pessoas com câncer, o Sistema Único de Saúde (SUS) não atende nem metade dos que precisam.

“Dificilmente os municípios que oferecem este tratamento conseguiriam aderir a essa lei”, disse. Huark ainda alertou para o fato de que seriam necessários, no mínimo, R$ 25 milhões para atender a demanda. Outro ponto levantado pelo secretario é que Cuiabá atende todo o interior do estado. “Dos pacientes que estão internados ou esperando tratamento para combater o câncer, 77% são do interior do estado”.

Retrato da indisponibilidade de remédios e da dificuldade de conseguir o tratamento, a paciente com câncer bucal, Regina de Jesus Costa, de 63 anos, é vitima da demora e, devido a isso, do agravamento de seu caso.

Segundo seu genro, Pedro Barbosa dos Santos, a boca da paciente se encontra em carne viva devido aos ferimentos e ao tumor, que fica cada vez maior. Ele explicou que devido ao tamanho, a bochecha de Regina está inchada. Os olhos da paciente se infeccionaram e por vezes, chegam a sangrar.

“O caso dela é grave e ficam adiando o tratamento. A biópsia e os outros exames até que foram rápidos, mas depois disso, o caso dela só piora com a demora toda”, disse Pedro, que acompanha a sogra, diagnosticada com o câncer há mais de dois meses.

Regina está no hospital do câncer, de onde recebeu alta há doze dias. No entanto, se alimentando com uma sonda nasoenteral (do nariz ao duodeno) e respirando através de tubos após ter feito uma traqueostomia, a paciente quase morreu devido à falta de ar. “A mãe dela tem mais de 80 anos, não tem como dar a atenção que ela precisa. Quando tiraram ela lá do hospital do câncer, ela quase morreu quando os canos começaram a entupir com pus”.

A paciente, debilitada, já havia passado 23 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) antes de receber alta. “Ela teve uma convulsão, precisou ficar lá. Ai como o estado dela era grave, não tinha como começar a fazer a quimioterapia”.

Quando foi liberada da unidade, Regina deveria ter sido encaminhada para a hematologia, onde receberia o atendimento adequado às suas necessidades. Devido à falta de vagas, a paciente teve que ficar na enfermagem.

Depois deste episódio, ela ficou cerca de uma semana na Santa Casa, até conseguir retornar ao Hospital do Câncer, onde, até ontem, ainda não havia começado seu tratamento.  


Deixe Seu Comentário


Links rápidos