(65) 3661-5615 / (65) 3661-5491
Clipping

Centralização prejudica tratamento


31-10-2012 10:20 - Jornal Diário de Cuiabá

Se já não bastasse a debilidade do corpo e do próprio estado emocional, pacientes dos mais de 140 municípios do interior de Mato Grosso precisam vir à Cuiabá para conseguir assistência em média e alta complexidade nas mais diversas especialidades médicas ou até mesmo para conseguir realizar exames como um raio X.

Moradora de Juína (750 quilômetros, ao Norte da Capital) E.S., 72 anos, viajou 12 horas para poder fazer uma tomografia em um hospital conveniado ao Sistema Único da Saúde, que fica na Capital. “Tenho que esperar o resultado ficar pronto. Inicialmente, disseram que ficaria em 15 dias. Agora, que pode demorar até 50 dias”, disse a aposentada que sofre de câncer de mama e está instalada com o esposo em um abrigo localizado na avenida Coronel Escolástico, no Centro.

E.S conta que terá que fazer radioterapia e reconhece que se estivesse em casa, no seu lar, seria mais fácil enfrentar a doença. “Lá, não tem o tratamento. A gente tem que largar tudo. A casa fica abandonada e realmente não é nada fácil ficar longe da família”, lamentou.

Quem também teve que deixar o conforto do seu lar foi a pequena N.R., 3 anos, que precisa passar por uma cirurgia para correção de uma fissura labiopalatal. Entretanto, segundo sua mãe Alessandra Pereira, pela quinta vez a garota não conseguiu. “Disseram que foi por causa de material”, comentou a dona de casa, que também mora em Juína e está na capital desde a última quarta-feira.

O procedimento seria feita no Hospital Geral Universitário (HGU). Conforme a responsável pelo setor de Fissura do HGU, Yolanda Barros, a cirurgia não foi feita porque N.R foi avaliada e estava com o nariz escorrendo, o que impede a realização do procedimento. Uma nova data para a realização da cirurgia está sendo agendada.

Já Raimundo Ciro Pereira Vasconcelos, 65 anos, que mora em Porto Alegre do Norte (1.300 quilômetros da capital) está em uma casa de apoio desde o último dia 24 por conta de uma cirurgia de catarata que precisa fazer. “O atendimento no interior poderia ser melhor, poderiam oferecer mais serviços para evitar tantos transtornos para quem precisa”, comentou.

Segundo ele, de Porto Alegre até Cuiabá são 12 horas de viagens. “Já paguei muitas vezes a viagem. Para a gente que é trabalhador esse dinheiro faz falta”, afirmou. A passagem custa cerca de R$ 207.

Procurada pela reportagem a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que são os municípios quem pactuam os atendimentos de alta e média complexidade com Cuiabá. Exemplo disso é o serviço de oncologia que funciona por meio de um convênio com a prefeitura e o Ministério da Saúde.

Além dos municípios poderem optar pela formação de consórcios, a assessoria destacou que o órgão tem trabalhado pela descentralização dos serviços com a implantação dos Hospitais Regionais (Cáceres, Colíder, Sorriso, Sinop, Alta Floresta, Rondonópolis e o próprio Metropolitano, em Várzea Grande), o que tem contribuído para a redução da vinda de pacientes para a Capital. Ainda assim é necessário que o município pactue os serviços.
 


Deixe Seu Comentário


Links rápidos