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Servidor sofre derrame, mas não é atendido por hospitais


30-10-2012 10:49 - Mídia News

O servidor público estadual D. P. C., de 63 anos, sofreu um derrame na madrugada do último dia 20 e, mesmo sendo conveniado ao plano MT Saúde, até o momento, ele não conseguiu o atendimento necessário pelo convênio subsidiado pelo Governo do Estado.

Lotado na Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural), o servidor, que mora sozinho, não conseguiu pedir ajuda de ninguém e foi encontrado horas depois de sofrer o derrame por conhecidos, que o levaram ao Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá.

D. P. C foi medicado e liberado pelo hospital, com três papéis de encaminhamento da equipe médica para que procurasse tratamento junto a um cardiologista, um neurologista e um fisioterapeuta, mas, até o momento, nenhum das consultas foi liberada pelo MT Saúde.

Sem recursos financeiros para custear tratamentos particulares, o servidor contou com a ajuda de colegas de serviço para adquirir uma cadeira de rodas, uma vez que o derrame não o deixa mais se locomover sozinho.

Ele não estaria, também, reconhecendo a todos os seus familiares e amigos após o acidente vascular.

O filho do funcionário público, Mário Pereira, afirmou ao MidiaNews que já está de posse da documentação necessária e dos pedidos médicos para ingressar na Justiça e garantir o atendimento do pai pelo plano.

“Quanto mais demora, a situação se agrava. Meu pai já não sente o lado esquerdo do corpo, que está adormecido. E o lado direito não está forte o suficiente para dar firmeza a ele”, disse.

A ação será movida por meio do advogado Bruno Boaventura, que presta assistência jurídica ao Sinterp-MT (Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Assistência e Extensão Rural de Mato Grosso).

A vice-presidente do Sinterp, Iêda Santos, está auxiliando no encaminhamento jurídico da situação do servidor e lamentou a condição atual do servidor.

Segundo ela, a ação judicial, no momento, é a única saída encontrada pelo sindicato para auxiliar o funcionário e sua família, que tem a mensalidade do plano descontada em folha, mas encontra recusa por parte dos médicos em ser atendido pelo MT Saúde.

“Os médicos foram claros que, com o passar do tempo, se ele receber o tratamento adequado logo, pode pelo menos voltar a andar. A demora no atendimento pode comprometer a reabilitação dele, deixando-o para o resto da vida em uma cadeira de rodas”, afirmou.

Sem atendimento

A reclamação de falta de atendimento médico-hospitalar é geral por parte dos usuários do MT Saúde. Da rede credenciada ao plano, apenas o Hospital Santa Rosa mantém as portas abertas na Capital. Ainda assim, apenas para os casos de urgência e emergência.

Os médicos lotados no hospital estariam se recusando a atender, segundo o presidente do Sinterp-MT, Gilmar Brunetto.

A situação tem obrigado os usuários do MT Saúde a recorrerem ao SUS (Sistema Único de Saúde) e à Justiça, para garantir assistência à saúde.

Sem pagamento

No último dia 16, o governador Silval Barbosa (PMDB) anunciou a realização de pagamento das dívidas do MT Saúde, o que colocaria um ponto final na crise.

A rede credenciada, bem como as cooperativas médicas conveniadas ao plano, prometeram retomada imediata dos atendimentos, assim que o pagamento fosse realizado, o que ainda não teria sido feito.

Segundo o presidente do Sindessmat (Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Mato Grosso), José Ricardo de Mello, para que as dívidas sejam quitadas pelo Governo do Estado, falta apenas as entidades apresentarem os valores devidos.

“Depende exclusivamente das cooperativas médicas apresentarem o total da dívida. Cada cooperativa está mostrando um contrato analítico de todas as contas. Duas já entregaram. Assim que todas as cooperativas entregarem, será pago. Não está mais dependendo do Governo. Falta só as cooperativas entregarem para que seja feito o repasse do Estado aos médicos”, explicou, na semana passada.

O presidente do Sinterp-MT afirmou, por meio de nota à imprensa, que o plano continua “criando repetidas situações de estresse e de humilhação para os servidores e seus familiares”.

Ao MidiaNews, Brunetto disse que o atendimento está sendo garantido apenas no Hospital Santa Rosa, e de forma precária, exigindo uma continuada intervenção do Fórum Sindical para que os procedimentos sejam efetivados. No interior do Estado, a situação seria de calamidade pública.

“O plano já está desacreditado porque esse já é o terceiro calote que a rede credenciada leva. Hoje, o atendimento é feito apenas pelo Hospital Santa Rosa e precariamente, porque os médicos não querem atender”, reclamou.

Ele afirmou que o Fórum Sindical tem exigido do Governo do Estado e da Assembleia Legislativa a imediata votação do plano de reestruturação do MT Saúde, bem como a sanção da lei de auxílio-saúde pelo governador Silval Barbosa, e o pagamento das dívidas, a fim de que o atendimento na rede médico-hospitalar e ambulatorial seja retomado.

“Os deputados falam que precisam realizar uma audiência pública para ouvir os servidores, mas não há garantias de que ela vai se realizar. Os 17 sindicatos e assembleias que compõem o Fórum já aprovaram”, disse.

Brunetto ressaltou ainda que a maioria dos 14 mil servidores que continuam conveniados ao MT Saúde se mantém nessa situação para não cair na carência, após migração para um plano melhor, como planeja o Estado.

Ele defendeu ainda que o auxílio-saúde dado pelo Estado deverá ser compatível com o salário recebido por cada servidor, a fim de que as pessoas consigam manter um plano de saúde suplementar.

“Se os planos opcionais forem muito caros e o auxílio baixo, nós vamos bater o pé e não vamos migrar”, afirmou.

Outro lado

A SAD (Secretaria de Administração) afirmou, por meio de sua assessoria, que alguns médicos estão atendendo pelo plano, mas que os usuários devem se encaminhar à sede do MT Saúde, para saber quais os profissionais que estão atendendo pelo convênio.

A pasta ficou de levantar se algum pagamento já foi feito pelo Governo do Estado à rede credenciada, mas, até a publicação desta matéria, nada foi comunicado à reportagem.

A direção do Hospital Santa Rosa, na ocasião de anúncio de retomada dos atendimentos, afirmou que o dato dos hospitais abrirem novamente às portas aos usuários não significava que todos os médicos tenham concordado em dar mais uma chance ao plano de saúde.
 


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