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Caos na saúde - Abandonada à própria sorte


22-10-2012 19:24 - Diário de Cuiabá

 Paciente de câncer bucal, se alimentando por uma sonda nasoenteral (do nariz ao duodeno) e respirando através de tubos, após ter passado por uma cirurgia de traqueostomia, Regina de Jesus Costa, de 63 anos, teve que ir para casa, pois o Hospital do Câncer, onde estava internada esperando para fazer uma quimioterapia, não possuía a medicação para realizar o procedimento. 

De acordo com seu cunhado, Pedro Barbosa dos Santos, eles chegaram a ser ameaçados pela diretoria do hospital, que iria acionar o Ministério Público alegando que a família se recusava a receber Regina em casa. 

Ele explicou que Regina se encontra em estado extremamente delicado, e que se tivesse passado mais um dia em casa, teria morrido. Os tubos da traqueostomia precisam ser aspirados diariamente por conta das secreções liberadas pela paciente. “Ela ficou com falta de ar à noite, a mangueira da sonda saiu do lugar. Se ela não tivesse sido internada aqui na Santa Casa hoje, com certeza já estaria morta. É uma situação muito complicada”. 

No Hospital Santa Casa, no entanto, não há o tratamento de que Regina necessita. O médico que a internou no local, Francisco Pereira Filho, esclareceu que ela está recebendo o tratamento clínico. “Nós trocamos a sonda, vamos manter os tubos limpos e fornecer os analgésicos que ela precisa. Mas aqui não tem quimioterapia, ela vai ficar até ser recebida novamente no Hospital do Câncer”. 

O cunhado ainda contou que Regina passou 23 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e que quando recebesse alta, deveria, de acordo com seu médico, ser encaminhada para a hematologia. No entanto, devido à falta de leitos, foi transferida para a enfermagem, onde ficou até quarta-feira (17). 

A família de Regina registrou um Boletim de Ocorrência sobre o caso e aguardam o Hospital do Câncer entrar em contato quando o remédio da paciente chegar, para que assim ela possa se submeter a quimioterapia. 

Uma enfermeira que não quis se identificar e que estava com Regina quando ela foi internada na Santa Casa descreveu a situação como desumana. “Ela está em estado crítico, o tubo tem que ser aspirado. Ter mandado ela pra casa para ficar aos cuidados da mãe de 86 anos é um crime”, disse. 

Em matéria do Diário do dia dez de outubro, pacientes denunciaram a falta de medicamento e a constante falha nos aparelhos do Hospital do Câncer. O caso de Regina não é o único, pois vários pacientes tiveram o processo de radio ou quimioterapia adiados. 

De acordo com a assessoria do Hospital do Câncer, o setor de hematologia depende do repasse do Estado aos municípios, por isto os remédios estão em falta. “Nós estamos sofrendo as conseqüências dos atrasos do repasse do Estado”. 

A assessoria da Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirmou que o Estado já fez o depósito e que a responsabilidade sobre o Hospital do Câncer agora é do município. 


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