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HGU realiza cirurgias de tumor com pacientes acordados


04-04-2016 09:47 - Soraya Medeirosq

O Hospital Geral Universitário (HGU) realiza desde o ano passado cirurgias de tumor cerebral com pacientes acordados. A cirurgia de alta complexidade já foi realizada em 5 pacientes, tudo custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o responsável pela cirurgia, o neurocirurgião, Roger Rotta, ela é conhecida como ‘awake craniotomy’ (cirurgia acordada, em português), é utilizada nos casos de ressecção (remoção) de tumores cerebrais, realizada no Brasil há menos de 10 anos.

Dr. Rotta explica que esta técnica cirurgia (com a paciente acordada) é utilizado nos tumores localizados em área do sistema nervoso central relacionadas com a linguagem, movimentos, sensibilidades, visuais e cognitivas.

“Nas cirurgias convencionais, em que o paciente está anestesiado, não é possível localizar todas as áreas essenciais (somente é possível o mapeamento motor). Com isso, o risco é grande de seqüelas tanto na fala, bem como outras funções cognitivas superiores (memoria, por exemplo). A grande vantagem deste procedimento é que permite o controle das áreas que podem ser ressecadas, garantindo uma remoção maior do tumor de forma segura, sem comprometer uma determinada função cerebral, resultando em um risco menor de déficit neurológico pós-operatório, o que garante uma melhor qualidade de vida para o paciente e o controle do tumor, já que quanto maior sua retirada, maiores as chances de postergar as recidivas", esclarece o médico.

O procedimento inicia-se com anestesia geral e após a realização da craniotomia (retirada de osso), retira-se toda a sedação e mantem-se somente anestesia local. Quando o paciente esta bem acordado a equipe inicia testes de linguagem e neuropsicológicos. Nesta etapa, explica Rotta, é realizado a estimulação das várias partes do cérebro expostas com a finalidade de mapeamento funcional (com o uso de neuroestimulador), onde se identifica quais áreas correspondem ao centro da fala e do movimento.

Somente após essas etapas é que de fato começa a ressecção do tumor, com a preservação integral dessas áreas e com a manutenção de um diálogo permanente com a paciente. Terminada a extração do tumor, a paciente é mantido acordado ate o final da cirurgia (técnica “asleep-awake”). “De fato é uma cirurgia que impressiona pelo nível de precisão exigido dos profissionais e pelo suporte tecnológico envolvido. Ficamos surpresos com os resultados da técnica”, comenta o médico.

Esse tipo de cirurgia é um procedimento de alta complexidade com um custo estimando em torno de R$ 100 mil nos hospitais privados. “Isto prova que é possível se fazer bom uso dos recursos SUS capacitando profissionais e oferecendo uma assistência de alto nível”, comenta o médico.

De acordo com Roger, o HGU é referência nestas cirurgias em Mato Grosso. A previsão é que possamos ampliar esse tipo de procedimento com novos treinamentos multidisciplinares e realizar mais cirurgias dessa complexidade, já que é a única alternativa para pacientes com tumores localizados próximos ou nas áreas eloquentes. "O processo de recuperação da paciente é bem sucedido e sem seqüelas, o que permiti dar continuidade no tratamento com radioterapia e quimioterapia".

Fabiola Oliveira Souza, 30, é a primeira paciente a fazer a cirurgia no HGU. "Em dezembro de 2014 descobri que tinha um tumor no cérebro, em fevereiro do ano passado fiz a cirurgia. O médico foi maravilhoso, porque ele me explicou tudo sobre o tumor e a cirurgia que teria que fazer para a retirada dele".

Fabiola diz não se arrepender em ter feito o procedimento cirúrgico. “Pelo contrário, é muito melhor. O tumor estava em uma área do cérebro responsável pela minha fala e qualquer procedimento errôneo poderia me deixar muda. Comigo acordada foi possível realizar toda a cirurgia com maior precisão”.

Sobre câncer cerebral

O câncer cerebral é consequência da multiplicação desordenada das células sistema nervoso central. Os tumores podem ser originários das células do próprio cérebro (chamados de tumores de células gliais); originários das membranas que recobrem o cérebro (tumores das meninges ou meningeomas); surgirem das bainhas dos nervos (neuromas ou neurinomas); ou serem originários de outros órgãos ou tecidos que podem se disseminar pelo sangue (tumores metastáticos).

Apesar de inúmeros estudos relacionarem alguns fatores potenciais às causas para o desenvolvimento do tumor, tais como a má alimentação, uso de determinados medicamentos e exposição a substâncias químicas, a doença geralmente não possui uma causa única para o seu surgimento. Outra razão provável de tumores são as radiações usadas para tratar os próprios tumores, mas que podem levar ao surgimento de outros. Algumas substâncias químicas também foram apontadas como prováveis indutoras de câncer cerebral, porém sem comprovação exata.  


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