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´Resistência a médicos´ é prejudicial


29-02-2016 09:46 - JOANICE DE DEUS

Os homens vão menos aos médicos do que as mulheres e, por isso, vivem menos que as mulheres. Em Cuiabá, a realidade não é diferente nos consultórios ou clínicas médicas. Entre as justificativas estão a falta de tempo ou a imposição de dificuldades, como não ter convênio médico ou a demora no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, também por questões culturais, preconceito e vergonha.

“Não é à toa que os homens têm uma expectativa de vida de seis a oito anos mais curta que a das mulheres. Eles se cuidam menos, vão menos ao médico, fazem menos exames. Muitos acham que não são suscetíveis ou têm o corpo fechado”, explica a psicóloga Helena Beatriz Finimundi Balbinotti, autora do livro “O Que os Homens Não Pensam”.

Não admitir fraqueza, segundo a psicóloga, é um dos fatores que os mantêm longe dos consultórios. Levantamento realizado em junho do ano passado em sete cidades do país pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) comprova que 51% deles não costumam ir ao urologista com regularidade. A pesquisa realizada com 3,5 mil homens acima dos 40 anos mostrou ainda que 76% não conhecem os sintomas do câncer de próstata. Por causa dessa resistência, familiares e amigos têm um papel fundamental: 90% dos pacientes vão ao consultório levados pela companheira, segundo a SBU.

Apesar da síndrome de super-homem, eles não possuem o corpo tão fechado assim. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo fator que mais mata os homens, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Doenças cardiovasculares, alcoolismo e tabagismo também são mais incidentes no público masculino do que no feminino.

“O fato dos homens irem menos ao médico é uma realidade nacional e que se repete em Mato Grosso. Essa é uma característica do sexo masculino, que acredita que não precisa fazer a prevenção e que pode ir protelando sua ida ao consultório. A mulher tem todo um cuidado maior com a sua saúde”, comenta o cardiologista José Silveira Lage.

Ao ignorar os sinais do corpo e negar determinados sintomas, o homem tende a esperar o quadro piorar para buscar ajuda. E, quando melhora, é comum não retornar mais ao médico para as consultas ou exames de rotina. “Muitos só procuram assistência médica quando já está caindo de doente”, comentou o cardiologista.

“Eu me sinto bem. No momento, não acho desnecessário ir ao medico ou fazer check-up. Não sinto nada”, disse o motorista Arlindo Meira, 38 anos, lembrando que há cerca de dois anos fez exames de sangue que mostraram que sua taxa de colesterol estava alta. À época, o médico recomendou-lhe uma dieta e atividade física. “Às vezes, faço umas caminhadas”, resumiu.

Mais displicente com a saúde, o sexo masculino tende a sofrer mais de doenças do coração, como o infarto, de cânceres, especialmente, o de próstata, hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto. “Na população em geral, as doenças cardiovasculares são as maiores causas de mortalidade. No homem, a incidência é grande por conta do estilo de vida”, alerta.


Preconceito ou vergonha são fatais

Não são só os problemas cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial que afetam a saúde masculina. Os homens também são vítimas de distúrbios urológicos. Neste caso, as doenças mais frequentes são a hiperplasia prostática (aumento da próstata), litíase urinária (pedra nos rins) e o câncer de próstata.

No último caso, por exemplo, os exames mais comumente realizados para se detectar o tumor, precocemente ou não, são o toque retal e o exame de PSA (antígeno prostático-específico). Mas, por preconceito ou vergonha, os homens fogem dos consultores e evitam o teste.

E, o preocupante é que o câncer de próstata inicial não dá sintoma. Só o produz nas fases avançadas, quando cresceu tanto e dando origem à dor. Pesquisas mostram que o câncer de próstata é mais comum no homem após os 50 anos.

Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca) é o segundo mais comum atrás apenas do câncer de pele não melanoma. “Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento”.

Ainda, segundo o Inca, o câncer de próstata mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Para esse ano a estimativa é de 61.200 novos casos. São previstos ainda cerca de 13 mil óbitos. (JD)

Prevenção é a palavra-chave

Pessoas com doença coronária ou insuficiência cardíaca têm maior risco de acidente vascular cerebral (AVC) do que aqueles com corações que funcionam normalmente. Probabilidade que aumenta quando a relutância em ir ao médico está associada a outros fatores, como a falta de atividade física, o estresse, o fumo, a obesidade e o uso abusivo do álcool.

A demora em procurar o especialista atrasa o diagnóstico e faz com que uma simples complicação passe a ser um quadro grave, em que muitas vezes a única solução é a intervenção cirúrgica, quando não leva a morte.

De acordo com Lage, o acompanhamento médico deve ocorrer em todas as fases da vida e, após os 40 anos, o homem deve comparecer ao médico pelo menos uma vez ao ano. Portanto, a palavra-chave é prevenção. “Na cardiologia a gente trabalha muito essa questão da prevenção”, disse reforçando a importância da realização de check-up periódico.

É o que garante fazer Gonçalino Francisco da Silva, de 56 anos. "Costumo fazer consultas médicas pelo menos uma vez por ano. Faço os exames de rotina, como sangue, pressão e avaliações cardíacas. A gente não pode descuidar".

Ex-professor de educação física e praticante de artes marciais, Silva também acredita que é melhor prevenir do que remediar. Entre os testes preventivos que já faz, ele cita o antígeno prostático-específico (PSA), usado como ferramenta para o diagnóstico da presença de câncer de próstata. “Eu procuro levar uma vida saudável. Faço caminhadas frequentemente, não bebo e não fumo", afirmou.

Por isso, dificilmente ele fica doente. E, apesar todo cuidado com a saúde, nos últimos dias ele sofreu uma contusão no joelho esquerdo jogando futebol com amigos. "Fraturei uma tíbia do ligamento cruzado, mas logo posso voltar às atividades de rotina novamente", disse. (JD)


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