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EDUCAÇÃO INDÍGENA: Pior que do homem branco


27-07-2015 11:41 - YURI RAMIRES

Um levantamento do Grupo de Trabalho de Educação Indígena do Ministério Público Federal encontrou precariedades na educação indígena em todo o território brasileiro. E como não raro acontece nesses rankings negativos, Mato Grosso foi destaque, com problemas na estrutura física, na distribuição de água e de merenda.

O relatório ao qual o Diário teve acesso relata o caso da aldeia dos Nambikwara, em Comodoro (667 km de Cuiabá). Lá foram visitadas as escolas que levam o mesmo nome da etnia, bem como a escola da Aldeia Branca.

O documento relata que, de imediato, a precária situação em que se encontra a Escola Indígena do Barracão Queimado foi o fato que mais chamou a atenção.

“[A escola é] formada por duas salas e um pequeno cômodo improvisado, no qual se prepara a merenda escolar”, destaca a procuradora da República Natália Soares, que coordena o Grupo de Trabalho.

Para piorar a situação, a terceira sala da escola está localizada dentro de uma casa da aldeia, cujos moradores cederam para que as aulas não fossem interrompidas.

“As casas são de madeira, não possuem sequer chão batido. As cadeiras e os quadros negros são bem antigos e precários”, relatam.

No entanto, o que impressionou o grupo foi a quantidade de alunos. Só nesse núcleo havia 62 crianças divididas entre as séries de ensino ofertadas pela escola.

A maioria delas, somando 11, está cursando a 4º série do Ensino Fundamental. A escola oferece da 1º série ao 9º ano.

A situação não é diferente na escola da Aldeia Branca. Sem uma sede própria, as salas são improvisadas, e uma funciona na sede de uma antiga igreja.

Por lá, a situação das cadeiras é ainda pior para abrigar seus 59 alunos, distribuídos pelo Ensino Fundamental.

Conforme o relatório, com dados do Censo de 2014, são 203 escolas que ofertam o ensino aos índios, administradas pelo Estado e pelos Municípios, como é o caso das duas citadas.

Em 2013, obras das duas escolas foram iniciadas, mas só. Previstas para serem entregues em agosto de 2014, os esqueletos das estruturas seguem intactos.

A construção da Escola de Barracão Queimado ficou estimada em R$ 772 mil, já a da Aldeia Branca em R$ 227 mil, em parceria do Governo Federal e municípios.

O Diário tentou contato com a prefeitura municipal de Comodoro, mas não obteve retorno. O Ministério da Educação (MEC) também não atendeu à demanda da reportagem.

ROUBOS – Nas duas unidades, o abastecimento de água é irregular, colocando os índios em busca de sua própria água.

No relatório, consta que os índios estão tendo que comprar galões de água na cidade, pois ficam desabastecidos, devido ao não funcionamento de uma bomba de água e de um poço artesiano.

Na escola Barracão Queimado, há uma merendeira que prepara as refeições em um local improvisado. No entanto, segundo ela, “a quantidade de merenda distribuída é irregular”, uma vez que ela divide as refeições como pode.

Na Escola Aldeia Branca, a merenda é entregue diariamente. O Município afirmou ao GT que os demais índios estariam roubando a comida.

No dia em que o grupo estava na escola, os alunos foram dispensados mais cedo por falta de merenda.
 


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