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MT tem deficit de 35,5% de UTIs T tem deficit de 35,5% de UTIs


24-06-2015 15:49 - ELAYNE MENDES

Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Datasus apontam que Mato Grosso possui um deficit de 35,5% de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Atualmente, o Estado conta com 638 leitos de UTIs, sendo 295 pertencentes ao Sistema Único de Saúde e 343 da rede privada. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal para atender os 3,2 milhões de matogrossenses seria pelo menos 990 leitos dessa referência. 

Nos dados já estão contabilizados os 20 leitos de UTIs inaugurados recentemente pelo Governo do Estado, sendo 10 leitos de UTI infantil no Hospital Regional de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá) e 10 novos leitos de UTI Adulto no Hospital Regional Irmã Elza Giovanella, em Rondonópolis (212 km ao Sul), entregues ontem. Vale ressaltar que atualmente apenas a última unidade e o hospital regional de Cáceres estão sob a gestão de Organizações Sociais de Saúde (OSSs). Os demais estão sob intervenção do Estado.

Os leitos de UTI existente no Estado estão divididos entre os neotal (163), sendo 78 do SUS e 85 não SUS, pediátricos (69), sendo 28 público e 41 privados, além de 406 adultos, sendo 189 via SUS e 217 da rede privada de saúde.

A família do aposentado e ex-jogador de futebol Antonio da Silva Campos sabe bem o que é passar pelo desespero de não conseguir um leito de UTI. Em dezembro do ano passado, Campos passou mal com uma crise renal, sem plano de saúde, foi levado para atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro, em Cuiabá

Sem um diagnóstico preciso e depois de muita insistência da família, o aposentado foi transferido para o ProntoSocorro Municipal de Cuiabá (PSMC), onde foi atendimento pelo médico de plantão, que informou a necessidade da UTI. Sem leito disponível, Campos foi colocado na Sala Vermelha, considerada uma semiuti, mas que segundo os familiares não dispunha dos equipamentos e equipe necessária para atendê-lo. Filha do ex-jogador de futebol relata que se sentiu totalmente incapaz diante da situação em que o pai se encontrava.

Segundo ela, Campos gritava de dor e ao mesmo tempo dizia que iria morrer. Depois de quatro paradas cardíacas, foi o que aconteceu. O aposentado morreu, assim como diversas outras pessoas já morreram em todo o país, por causa de um sistema de governo resumido pela sua família como falho.

Com pouco mais de 24 horas dentro do Pronto-Socorro, a filha de Campos relata que sofria não apenas com a dor do pai, mas em ver dezenas de pessoas espalhadas pelos corredores da unidade, sem ter sequer uma maca para deitar, sem dignidade e, o pior, sem nenhuma perspectiva de vida. Ao contrário dela, a mãe que trabalhou por muitos anos na unidade já não se espantava mais com a situação caótica da saúde pública, pois chegou a oferecer comida para um paciente que já estava morto, em uma cadeira no corredor do hospital, aguardando por um leito e atendimento digno.

A família lamenta tudo o que ocorreu com o aposentado, mas acredita que se houver a união das gestões municipal, estadual e federal, a saúde talvez ainda tenha salvação.

 

MAIS DEFASAGEM: 3,2 mil leitos comuns
é mínimo necessário

Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza um índice de três a cinco leitos de internação para cada mil habitantes, dados que se
aplicados em Mato Grosso, aponta para um déficit de no mínimo 34% e no máximo de 60,4% em se tratando de leitos comuns. Atualmente, o Estado possui 6.331 leitos de internação, enquanto o ideal seria pelo menos 9.600. O índice negativo estadual supera o
nacional, que hoje está na faixa de 33% (2,4 leitos a cada mil habitantes).

Os últimos levantamentos, datados de 2013, mostram que a oferta nacional é de 2,1 para 1000 no Sistema Único de Saúde (SUS) e 2,6
para mil entre os beneficiários de planos de saúde. O índice também está sendo acompanhado pelo Painel Saúde em Números, relatório semestral elaborado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

Na Cidade Verde, já se tornou comum encontrar pacientes nos corredores das unidades públicas de saúde, principalmente no Pronto-Socorro. Na última semana, dois pacientes do hospital chegaram a protagonizar cenas de violência por causa de uma maca. Em
um vídeo publicado na internet, um paciente com curativo na cabeça e no braço aparece deitado em uma maca, tomando soro. De repente, outro paciente  chega e dá um tapa nele, o xinga e determina que ele saia dali.

OUTRO LADO - Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Estadualde Saúde informou que o Estado está trabalhando para alcançar o número ideal de leitos para atender a população de Mato Grosso. Segundo a pasta, o Governo vem atuando junto ao município de Cuiabá na questão de repasses financeiros para a implantação e manutenção do Hospital São Benedito, que resultará em mais 30
leitos de UTI na capital. Serão repassados aproximadamente R$ 2 milhões/mês para Cuiabá pelo Governo do Estado.

A SES confirmou ainda que até o final do ano está prevista a inauguração de mais seis leitos de UTI Neonatal SUS, na Santa Casa de Rondonópolis. Com a inauguração destes leitos, será possível dar prosseguimento à instalação das UTIs pediátricas, que contará
com mais oito leitos de UTI pediátrica SUS na unidade. Porém, não há previsão para inauguração. (EM)


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