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Vander Fernandes diz que ele é o verdadeiro pai das OSS, não Pedro Henry


17-06-2015 11:46 - RODIVALDO RIBEIRO

Ex-secretário-adjunto de Saúde durante a gestão do ex-deputado federal condenado no Mensalão, Pedro Henry, Vander Fernandes retirou a paternidade da implantação das chamadas Organizações Sociais de Saúde (OSS) no Estado das mãos do ex-chefe e tomou para si. “Por mais que digam que o Pedro é o pai da OSS, a verdade é que fui eu quem implantou a ideia. Ele deu todo suporte, inclusive político, mas fui eu”, disse, durante depoimento na CPI das OSS, na qual estavam presentes também os deputados Saturnino Masson (PSDB), Leonardo Albuquerque (PDT) e José Domingos (PSD), nesta terça-feira (16).

E não foi só isso que revelou Fernandes. Ele foi mais longe ao atribuir ao governo Silval Barbosa (PMDB) o fracasso do modelo de gestão de hospitais públicos. “Se você não dá suporte financeiro nem condições para que a gestão funcione, como vai cobrar contrapartida?”, disse, mais de uma vez, o ex-secretário-adjunto. O modelo, defendeu, é sim mais eficiente que o estadual, “inchado, burocrático, moroso”. Vander Fernandes apresentou-se como médico concursado desde 2003 e como um profissional compromissado com a Saúde de Mato Grosso, começou sua fala citando Olimpio Bittar, defendendo a impossibilidade de se prestar um serviço público de qualidade com uma “máquina burocrática. E a Saúde, não só do estado, mas do país, é o maior exemplo disso”.

Disse também que a ideia de implantação das OSS veio após uma avaliação dos hospitais regionais por consultoria externa ocorrida em 2010. “O que se encontrou foram unidades sucateadas, irregularidades sanitárias graves e o pior, esses hospitais públicos custam quatro a dez vezes mais que a tabela do Sistema Único de Saúde”. A favor do modelo implantado por ele e Henry, defendeu que os hospitais “melhoraram incontestavelmente”, assim como as instalações e parques tecnológicos. Classificou como “vergonha” o hospital Adauto Botelho, o Cermac, o Hemocentro e o Cridac.

Fernandes também mostrou gráficos onde apresentou uma receita para seu período de gestão de R$ 896,315 milhões, mas despesas de R$ 1,119 bilhão. Foi quando o deputado Leonardo Albuquerque perguntou se a atuação do conselho de saúde tinha alguma responsabilidade no atraso dos repasses às OSS, motivo apontado por ele como o principal para o fracasso de nove dos onze hospitais que adotaram o modelo de gestão das Organizações Sociais de Saúde. “Nunca, o conselho nunca se envolveu em pagamentos de nada”, disse.

O deputado Zé Domingos perguntou se não seria mais vantajoso a melhoria da gestão de Saúde ao invés de contratar a OSS. Fernandes respondeu que o Estado nunca foi bom nisso e que, se das 11 OSS só restam três em funcionamento hoje, foi o governo que fez tudo desandar por falta de repasses. “Não tinha dinheiro. Assim, uma coisa é contratar, mas fazer cumprir o contrato sem pagamento é outra bem diferente”, mostrando um descompasso evidente entre o que exigem da saúde e o seu orçamento, de cerca de 11% da receita do estado.

Sobre os processos a que responde na Justiça por suposta má versação de recursos públicos, Vander diz que jamais se arrependeu de ter assumido sua função pública e que contesta o Tribunal de Contas do Estado (TCE), tanto que recorreu em todos os trâmites, em todos os processos dos quais é alvo. Perguntado se os hospitais sob intervenção cumpriam suas metas contratuais, foi direto: “claro que não, só por estar em intervenção já significa que se perdeu o controle faz tempo”. 


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