DELINQUÊNCIA: Principal fator é a falta do pai

Retratada em números, a vida dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação em Mato Grosso é marcada pela ausência da figura paterna no núcleo familiar, consumo de álcool e drogas, porte de armas e prática de furtos e roubos.

Dos 817 que estavam privados de liberdade pela prática de crimes em 2013, 93,7% eram do sexo masculino, sendo que 70,8% moravam apenas com a mãe e 29,2% com outras pessoas que não são do núcleo familiar primário – avós, tios, madrinha, amigo...

Do total de internos, 553, o que representa 68%, tinham entre 15 e 17 anos. No caso das drogas, 48,2% admitiram que tiveram problemas por causa do uso abusivo de drogas, enquanto 54,2% disseram que receberam tratamento contra a dependência no último ano.

As estatísticas mostraram ainda que 76% tinham o hábito de portar arma de fogo, 66% já havia se envolvido em brigas e 63% confessaram agressão a outras pessoas.

Com relação à cor, ao contrário do que se apresenta há décadas como senso comum, a maioria não é negra. 68% dos menores ouvidos se autodeclaram da cor parda, seguida da branca com 14,2% e negra com 12,7%.

Os crimes contra o patrimônio, caracterizados por furtos e assaltos a mão armada, são os delitos que mais levaram adolescentes às internações. No Estado, representa 53,7%, seguido do tráfico de drogas, com 12,9%, e dos homicídios, que somam 8,7%.

Os latrocínios, roubo seguido de morte, representam 3,8% das ocorrências que levam adolescentes ao cumprimento de medidas de privação da liberdade. Ocorrências classificadas como “outras” correspondem a 20%.

A pesquisa mostrou que 81% dos adolescentes cumprindo medidas originaram-se de seis cidades mato-grossenses: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Cáceres e Tangará da Serra. Desses, Cuiabá e Várzea Grande representam 53%, sendo a capital com 35% e sua cidade vizinha com 18%.

Para determinar a origem dos adolescentes cumprindo medidas de internação os pesquisadores utilizaram como fonte os Boletins de Ocorrência (BOs) registrados pela Policia Judiciária Civil e o número de medidas judiciais exaradas por comarcas.

Esses índices integram uma pesquisa acadêmica desenvolvida pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que serviu de base à elaboração do Plano decenal de Atendimento Socioeducativo de Mato Grosso – 2015/2024.

Os dados foram coletados junto ao Tribunal de Justiça e a Polícia Judiciária Civil.

POPULAÇÃO – De acordo com dados do Censo 2010, Mato Grosso tem 345.480 adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos, representando, aproximadamente, 11,38% do total da população do Estado.