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70% dos mato-grossenses dependem da saúde pública


03-06-2015 11:28 - Elayne Mendes

Cerca de 70% da população total de Mato Grosso está cadastrada em algum tipo de unidade de saúde da família que atende através do Sistema Único de Saúde (SUS), o que corresponde a 2,2 milhões de usuários no Estado. Deste índice, 74,8% costumam procurar o mesmo local, médico e serviço. Por outro lado, até 30% da população diz possuir algum plano de saúde privado, médico ou odontológico. Os dados são da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada ontem (2).

Dos moradores que são cadastrados no Programa de Saúde da Família (PSF) do Ministério da Saúde, 17,7% nunca receberam visita de um profissional da saúde, enquanto 47,3% disseram que já foram atendidos em domicílio.

De acordo com a PNS, cerca de 451 mil (13,8%) mato-grossenses procuraram atendimento de saúde nas duas últimas semanas anteriores à data de referência da pesquisa. Já nos últimos 12 meses, mais da metade da população adulta do Estado (entre 60,1% e 64,6%) disse ter se consultado com algum especialista médico. A proporção de procura por este tipo de atendimento foi maior para as mulheres (18,5%) do que para os homens (11,9%). As proporções por grupos de idade variaram de 11,9%, para as pessoas de 0 a 17 anos, a 25,0%, para as pessoas de 60 anos ou mais. Apesar da grande espera, praticamente todas as pessoas (97%) que buscaram atendimento afirmaram que conseguiram ser atendidas por um médico, sendo que destas 95,3% na primeira vez.

Entre os motivos dos usuários não terem sido atendidos na primeira vez, a falta de médico está em primeiro lugar (38,8%), seguido pela falta de vagas ou senhas (32,7%). Dos usuários que buscaram atendimento médico, a maior parte foi representada por pessoas de cor branca (17%), seguida por aquelas de cor preta (14,7%) e parda (13,7%). Considerando o nível de instrução, pessoas com nível superior completo obtiveram a maior proporção (18,4%).

Pelo menos 12% da população total do Estado afirma ter se sentido discriminada no serviço de saúde por médico ou outro profissional da unidade onde buscou atendimento. Em se tratando de medicamentos, a pesquisa revelou que cerca de 160 mil pessoas residentes em Mato Grosso já conseguiram pelo menos um medicamento através do serviço público de saúde e 105,7 mil usuários foram atendidos em uma farmácia popular do município em que residem ou da cidade vizinha.

Sobre o plano de saúde privado, a população branca é a que possui maior cobertura representando 37,9% do total. Já a menor, está entre os pardos (18,%) e os pretos (21,6%).

INTERNAÇÃO EM HOSPITAIS

Dados da PNS apontam que das 3,2 milhões de pessoas residentes em Mato Grosso, 7,4% (236 mil) já ficaram internadas em hospitais públicos por 24 horas ou mais no último ano (2013) antes do levantamento ser realizado.

Tratamento clínico e cirurgia foram os dois tipos de atendimento mais frequentes nos casos de internação. Em estabelecimentos de saúde públicos, as proporções foram de 42,4% e 24,2%, respectivamente. Já nos estabelecimentos de saúde privados, os percentuais foram de 29,8% e 41,7%, respectivamente.

O parto normal apresentou maior participação das internações nas unidades públicas (7,2%) que o parto cesáreo (5,9%). Nas instituições particulares ocorreu o inverso, 9,7% de partos cesáreos e 2,1% de partos normais.

Mestre em políticas sociais e concluindo seu doutorado em medicina social, a professora Regina Carneiro Silveira diz que apesar da população de classe economicamente baixa não ter condições de adquirir um plano de saúde privado, esta tem procurado mais por meios de prevenção e tratamento graças à propagação de informações através de meios de comunicação e, em especial, a internet. “Antigamente, a sociedade não tinha acesso aos diversos tipos de doenças existentes e as conseqüências para a saúde humana. Atualmente, as campanhas do Ministério da Saúde e até mesmo matérias científicas estão sendo repassadas à população de maneira mais rápida e dinâmica”. Segundo a especialista, este é o motivo da procura por assistência médica estar aumentando anualmente.

Ela pontua que para as pessoas com melhor condições financeiras e com formação educacional avançada, a saúde acaba sendo um serviço mais acessível. “Se os planos de saúde privados existem é porque o serviço público oferecido é insuficiente. Por isso, as pessoas que têm melhor poder aquisitivo optam pelo atendimento particular que, infelizmente, também já não está sendo suficiente para atender seus clientes”.

Silveira explica que nos últimos anos ao invés do Governo Federal investir na saúde pública do país, vem realizando cortes significantes que atingem diretamente a camada mais pobre da população. “No início de 2014, houve um corte de R$ 2,6 bilhões e este ano não foi diferente, com uma ‘poupança’ de aproximadamente R$ 2,7 bilhões. O resultado dessa redução é a má funcionalidade das unidades de saúde pública e a superlotação em unidades privadas, que estão oferecendo planos de saúde privado mais em conta”.

Segundo ela, esses são recursos para financiar ações como saúde da família, agentes comunitários, saúde bucal, serviço de atendimento móvel de urgência, pronto-atendimento, cirurgias, radioterapias, transplantes, próteses e aquisição de medicamentos, além de monitoramento e auditoria do sistema.

ODONTOLOGIA

Dos últimos 12 meses que antecederam a última PNS (2013), pelo menos 1,3 milhão de matogrossenses (40,3%) disseram ter se consultado com um dentista. Ainda em se tratando de saúde bucal, 51,3% das pessoas adultas residentes no Estado afirmaram que usaram escova, pasta e fio dental.

Apenas 167 mil pessoas (5,2%) tinham algum plano de saúde apenas para assistência odontológica. Na faixa de 30 a 39 anos de idade foi verificada a maior proporção de pessoas que tinham plano de saúde apenas para esse tipo de assistência (7,3%) e, entre aquelas de 60 anos ou mais, a menor (2,4%).
 


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