(65) 3661-5615 / (65) 3661-5491
Clipping

MT lidera ranking de hanseníase e ações na área de saneamento são a solução


19-05-2015 18:55 - Folha Max

Uma revolução sanitária é a solução para o controle da hanseníase, afirmou o professor-doutor da Fundação Osvaldo Cruz, José Augusto Neri, ontem (18/05), durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. O Estado possui números alarmantes de casos registrados, aparecendo como líder no ranking de estados com maior média de ocorrências da doença no país.

O Brasil também possui 90% dos casos registrados em pacientes da América Latina. O assunto é preocupante, principalmente, por estar em estado de epidemia e por esse motivo o doutor Leonardo Albuquerque solicitou a audiência com representantes da área médica e da saúde pública do Estado.

Neri, que palestrou como um dos convidados, alertou que o Brasil é um país de clima tropical, o que facilita a proliferação da doença, provocada por uma bactéria. Ele ainda explicou que é impossível erradicar a doença, mas existem formas de controlá-la, chegando a números mais aceitáveis dentro dos parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para isso, afirmou que qualificar os profissionais da área da saúde para estarem atentos aos sintomas da doença e diagnósticá-la, representa mais da metade do trabalho. Ele ainda disse que o governo precisa elaborar políticas de saúde pública e principalmente de saneamento.

"O Brasil possui 90% dos pacientes da America Latina. É o país, em termo urbano, primeiro colocado no número de casos. A saída é econômica e social, ter um país mais justo, seria o primeiro passado. A Europa eliminou a hanseníase na época que não tinha medicamento, mas foi feita uma revolução sanitária. É importante deixar claro para população que a hanseníase é causada pela bactéria, ‘amiga’ de áreas tropicais e eliminar é impossível, mas precisamos baixar para números razoáveis”, explicou.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, Mato Grosso tem a maior média de ocorrências da hanseníase no país. Em 2014, foram registrados 9,03 casos para cada 10 mil habitantes no Estado. Esse número é quase o dobro do registro feito no Maranhão (5,29 a cada grupo de dez mil), o segundo na incidência de casos. O percentual de cura é de 83,4. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera tolerável a ocorrência de um caso a cada grupo de dez mil pessoas.

Neri fez questão de ressaltar o fato de a doença estar ligada diretamente a sintomas apenas cutâneos, mas outros, como dormência, queimação, febre e mal-estar também podem estar associados à lepra. Em alguns casos, o paciente não apresenta lesões na pele, sintoma mais recorrente da doença, e com isso não procuram um dermatologista. Ele alerta para o fato de o clínico geral nem sempre se atentar para problemas neurológicos e sistêmicos, que também podem levar a um diagnóstico de hanseníase, o que acaba atrasando o início do tratamento.

O deputado Wilson Santos (PSDB), que participou do audiência, ressaltou que a situação é absurda e destacou que a lepra é uma doença que pode ser controlada, mas precisa ser tratada com responsabilidade por parte do poder público. “O país precisa ter foco nisso para resolver, assim como resolveu doenças como a poliomielite e o HIV”, afirmou. Ele sugeriu também que a palestra dada por Neri na audiência seja editada e encaminhada para as Secretarias Municipais de Saúde.

O deputado Leonardo, destacou que é preciso um trabalho efetivo para tirar Mato Grosso dessa liderança e acredita que este é um início para levar o debate adiante, mas mais do que isso, buscar soluções para enfrentar o mal que acomete a sociedade mato-grossense.  


Deixe Seu Comentário


Links rápidos