Atenção Básica - Postos estão sem vacinas no estoque

A reportagem ligou para sete unidades de saúde municipais e em todas, algum tipo de dose estava faltando no estoque

Os Postos de Saúde de Cuiabá encontram-se sem estoque de vacinas básicas da caderneta do sistema de imunização. Sem acesso aos medicamentos de prevenção, a população corre o risco de contrair diversas doenças que, em seus estados mais graves, podem levar a morte. 

A reportagem ligou em sete postos de saúde, distribuídos nos bairros Santa Isabel I, Altos da Serra II, Ouro Fino, Jardim Florianópolis, Nova Esperança, Novo Horizonte e Jardim Vitória III. Destes, quatro unidades não tinham doses da vacina tetravalente e pentavalente. 

Um dos postos de Saúde verificados contou ainda que possui apenas estoque de vacina contra a febre amarela, sendo que todas as outras exigidas no calendário de imunização estavam em falta. Segundo a atendente, que não quis se identificar, a unidade se encontra nesta situação há duas semanas e tem previsão de entrega para hoje. Ela também informou que a ausência de vacinas é um problema na rede de saúde que também afeta outros pontos de atendimento. 

Em outra unidade, a atendente relatou a falta da Vacina Pólio Inativada (VIP), opção injetável usada no combate a paralisia infantil. 

O pediatra especializado em infectologia, Sérgio Fernandes, explicou que a vacina tetravalente imuniza a criança contra quatro doenças: a difteria, o tétano, coqueluche e Haemophilus influenza tipo b. A nova pentavalente, também injetável, reúne em uma única aplicação a proteção de duas vacinas distintas: a tetravalente e a vacina contra a hepatite B. “A criança ganha com isso, porque agora ela não precisa ser vacinada duas vezes pra se proteger contra estas doenças. Ela se livra de uma picada extra”, explicou Fernandes. 

Esta nova vacina foi incluída no calendário de vacinação infantil este ano. A criança deve tomá-la em três doses, uma aos dois meses de idade, e as outras aos quatro e seis meses. Depois deverá receber dois reforços de DTP (vacina tríplice bacteriana conta difteria, tétano e coqueluche), uma aos 12 meses de idade e outra aos quatro anos. 

Caso não sejam vacinadas, as pessoas correm o risco de contraírem uma ou todas das cinco doenças citadas e desenvolver sintomas como inflamação da mucosa da garganta e do nariz, icterícia (olhos amarelados), febre, falta de apetite (anorexia), mal estar, urina cor de vinho do porto, forte tosse, dentre outros. O tétano, por exemplo, é uma doença infecciosa grave que frequentemente leva a morte. 

A presidente do Sindicados dos Médicos (Sindmed) de Mato Grosso, Elza Queiróz, informou ao Diário que não recebeu nenhuma denúncia em relação a falta de vacinas nos postos de saúde, mas que o sindicato irá verificar a situação. 

Segundo a Vigilância Sanitária do município, a vacina tetravalente foi substituída pela pentavalente, e é esta a razão de não ser mais encontrada nos Postos de Saúde. No entanto, em muitas unidades não há disponibilidade de nenhum dos dois medicamentos. 

Após constatar a falta de vacinas, o Diário tentou novamente entrar em contato com a Vigilância Sanitária, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.