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100% público - Servidores da Saúde de MT fecham avenida da Prainha em defesa do SUS


05-09-2012 19:06 - Ascom Sisma

 “Quando os trabalhadores perderem a paciência”. O nome do poema de Mauro Iasi pode ilustrar o que aconteceu na tarde dessa terça-feira, 04 de setembro, na avenida da Prainha, centro de Cuiabá. Os trabalhadores da Saúde perderam a paciência com o Governo do Estado e saíram às ruas para mostrar à população o que está havendo com o Sistema Único de Saúde (SUS). Ele está sendo sistematicamente sucateado pelo governo, para justificar a gestão por meio de Organizações Sociais (OSS). Infelizmente, a imprensa local já não estava mais presente para ver o ato.

O Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde e do Maio Ambiente (Sisma/MT), junto a outras entidades, tem travado uma luta árdua para que diversos problemas denunciados pelos próprios servidores sejam solucionados, mas a Secretaria Estadual de Saúde (SES) tem teimado em resistir. O motivo é que, depois que esse “novo modelo de gestão” foi aprovado no estado, as péssimas condições de estrutura e a falta de materiais para o atendimento dos usuários se agravou ainda mais.[foto2]

Na terça-feira, os servidores percorreram o trajeto da Praça da Saúde até a Praça da República, fechando toda a Avenida da Prainha, interagindo com a população e explicando que a SES está sendo omissa e irresponsável na administração da Saúde em Mato Grosso.  

“As condições já ultrapassaram o limite do insustentável”, relatam os servidores, que já emitiram nota e carta aberta à população, relatando a precariedade em que as unidades de saúde estão hoje. Não há materiais básicos, as ambulâncias do SAMU não funcionam, não há segurança nem higiene que garantam um bom atendimento. Muitos materiais têm sido custeados pelos próprios servidores, como sabonetes e papel higiênico. O SUS foi abandonado pelos gestores públicos.

Esse novo modelo de gestão, por meio de Organizações Sociais, consiste na utilização das instalações públicas e mão de obra do servidor concursado para prestação de serviços gerida por empresas privadas. Isso é, o dinheiro que seria destinado ao SUS passa a ser enviado à essas empresas, para que administrem os gastos e obtenham lucro.

As experiências nesse sentido demonstram que, justamente porque as empresas buscam lucro, o corte de gastos com materiais básicos, suspensão de atendimentos que não dão retorno financeiro e contratação de mão de obra barata são as ações mais imediatas das OSS’s e isso tem gerado transtorno aos usuários e servidores.

Além disso, as unidades que ainda não são administradas pelas OSS’s estão sendo deixadas de lado pela Secretaria de Estado de Saúde, com a intenção de que as pessoas se convençam de que a melhoria dos serviços da Saúde dependem de intervenção da iniciativa privada.

“Recurso para a Saúde tem, inclusive devolvidos, por incompetência do gestor. Ninguém consegue explicar direito o caos na Saúde”, afirmou uma servidora durante o ato, depois de reproduzir uma fala do secretário Vander Fernandes em que ele admite isso em uma reunião do Conselho estadual de Saúde.

“Os servidores da saúde são verdadeiros heróis, pois trabalham sem condições nenhuma”, disse a presidente do Sisma/MT, Alzita Ormond. Ela contou que outras ações da SES tem prejudicado os servidores e usuários, como a aprovação do Decreto 1103 – que reduz o horário de atendimento por conta das obras da Copa 2014 -, e o não pagamento de plantões. Os servidores de Rondonópolis, por exemplo, não recebem seus plantões desde o mês de abril.

Ormond questionou ainda onde está o dinheiro que o Governo pretende dar às OSS’s, já que não está investindo agora no SUS.[foto3]

A presidente do Sindicato dos Médicos, Elza Queiroz, pediu apoio à população nesta luta, pois os apelos dos servidores e também dos usuários não têm sido ouvidos. 

O apoio da população surgiu timidamente. Mas quem passava por ali entendia perfeitamente o que os servidores estavam reivindicando. “Venho trazer meu apoio incondicional e fraternal ao ato de vocês, por entender que esta é uma mobilização justa, afinal, se o Governo desconta o INSS do meu salário, porque tem que me obrigar a ter plano de saúde ou tem que colocar empresa privada pra gerir nossos hospitais? Nós já pagamos por isso!”, disse Milton Manuel, do Sindicato dos Comerciários de Caruaru, Pernambuco, que passava pelo Centro na hora da manifestação. Ele veio à Cuiabá para participar de um evento, mas subiu no carro de som e discursou, demonstrando solidariedade aos colegas trabalhadores.

O diretor de assuntos jurídicos do Sisma-MT, Carlos Coelho, alertou que o SUS pode desaparecer com este novo modelo, pois os concursos públicos serão extintos.

Os servidores já estão sofrendo retaliações por parte da SES pelo envolvimento na luta contra a privatização da Saúde, por isso seus nomes foram preservados neste texto.

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