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Urgência e emergência odontológica


24-11-2014 17:32 - Jackelyne Pontes/ RD News

 Para falarmos em urgência e emergência odontológica é necessário que saibamos a definição de cada situação. Urgência é quando existe a necessidade de um atendimento com rapidez, na proporção da gravidade, mas sem risco eminente à saúde. Já a emergência é toda a situação que envolve risco de morte. As urgência e emergências odontológicas, nas estatísticas, somam uma grande fatia dos atendimentos. A maior procura dos serviços é para o caso de doenças da polpa e suas estruturas adjacentes cujo sintoma mais relevante é a dor.

O diagnóstico feito pelo profissional que faz esse tipo de atendimento é algo muito precioso, pois a presteza deste e o estabelecimento do tratamento adequado pode ser definitivo na conservação do elemento dentário e na interrupção do processo da doença. Além dos sintomas de dor, os pacientes procuram o serviço com quadros de hemorragia, traumatismos, abcessos gengivais e periodotais, perdas funcionais, próteses fraturadas e complicações pós-cirurgicas. Cabe ao cirurgião-dentista estar preparada para acolher, diagnosticar e tratar essas complicações.

Uma coisa é certa: o profissional deve seguir os princípios e diretrizes do SUS, do acolhimento, vínculo, humanização, todos os usuários com queixas de sintomas relacionados às urgências odontológicas devem ser atendidos no mesmo período do dia, independente da queixa, número e horário que chegavam procurando a clínica odontológica. Dito isso sugiro que este serviço ofertado pelo nosso município seja reorganizado. Não consigo imaginar um serviço de urgência e emergência restringindo o atendimento a algumas fichas. Claro que não é o caso generalizado, temos na rede inúmeros profissionais comprometidos com a sua função e que dentro de sua carga horária presta um serviço valioso e que realmente se importa com a situação de dor ou injúria daquele que o procura.

A equipe que trabalha na urgência/emergência deve ter um olhar aguçado para a situação dos que procuram a unidade de saúde, e ter consciência que este tipo de atendimento não deve ser um meio de acesso ao serviço para a demanda reprimida. Este deve ter uma abordam resolutiva e eficaz. Alguns usuários utilizam-se deste tipo de atendimento de forma abusiva e tornam-se uma clientela fixa própria deste serviço, o que devemos evitar. Se nos voltarmos para alguns anos passados o modelo de odontologia era excludente, onde o usuário era atendido somente em caso de urgência e com tratamentos mutiladores, então nos “acostumamos” a procurar o serviço odontológico somente em caso de dor desvalorizando ou mesmo ignorando ações de promoção, prevenção e proteção da saúde.

É necessário elaborarmos um protocolo de ações, a falta de consenso e de critérios para a definição de urgências/emergências potencializa esta situação. A adoção de novos hábitos não é fácil, mas com uma equipe segura, confiante, embasada e respaldada pelos gestores é possível avanços e melhorias. Sugerimos um fluxograma de atendimento, que inicia-se com a acolhida, classificação de riscos, tratamento e continuidade da atenção odontológica, mesmo que este paciente não esteja inserido na agenda programática. A melhoria do vínculo e a responsabilização da equipe também é primordial. O que não podemos é deixar que o usuário volte para a sua residência com a queixa que o trouxe até a unidade de saúde. Isso é desumano!

Jackelyne Pontes é cirurgiã-dentista, filiada ao Sinodonto-MT (Sindicato dos Odontologistas do Estado de Mato Grosso) e escreve exclusivamente para o RDNews todo domingo - jackelynepontes@gmail.com


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