(65) 3661-5615 / (65) 3661-5491
Artigos

Crise na saúde


04-11-2014 14:09 - Editorial - A Gazeta

Às vésperas da votação do segundo turno das eleições presidenciais, um tema não pode ser deixado de lado por nenhum de nós cidadãos com direito a voto, a saúde, uma questão tão essencial que é um direito garantido até mesmo na Constituição. Mesmo fazendo parte das agendas de quase todos os candidatos, na verdade estamos longe de ter políticas de saúde eficientes, abrangentes e de qualidade. Esta semana, uma nova análise do Conselho Federal de Medicina aponta que nos últimos quatro anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) perdeu 14,7 mil leitos de internação.

Quase 15 mil leitos de internação, aqueles destinados a pacientes que precisam permanecer num hospital por mais de 24h horas - foram desativados na rede pública de saúde desde julho de 2010. Naquele mês, o país dispunha de 336,2 mil deles para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS). Em julho deste ano, o número passou para 321,6 mil -uma queda de quase 10 leitos por dia.

No Centro-Oeste, a perda foi de 1,3 mil leitos de internação na rede pública. Em julho de 2010, a região dispunha de 26.164 leitos de internação para uso exclusivo do SUS, número que caiu para 24.858 em julho deste ano - queda de quase um leito ao dia. Em números absolutos, Goiás foi o que mais sofreu com redução no período, 1.337 leitos desativados desde julho de 2010. Na sequência aparece o Distrito Federal, com menos 209 leitos. Mato Grosso do Sul desativou 52 leitos no período e Mato Grosso apresentou ligeira alta (292 a mais), contrabalanceando o resultado final da região. Dentre as especialidades mais afetadas no período, em nível local, constam pediatria (-612 leitos), obstetrícia (-250) e leitos clínicos (-199).

Os estados das regiões Sudeste são os que mais sofreram com redução no período, em grande parte pelos resultados do Rio de Janeiro, onde 5.977 leitos foram desativados desde julho de 2010. Na sequência, aparece o Nordeste, com 3.533 leitos desativados no período. Centro-Oeste e Norte sofreram cortes de 1.306 e 545 leitos, respectivamente. A região Sul é a única que apresenta ligeira alta de leitos (417 a mais).

Seguindo a mesma tendência positiva, os chamados leitos complementares (reservados às Unidades de Terapia Intensiva - UTI, isolamento e cuidados intermediários) também apresentaram alta de 12%, passando de 24.244 em julho de 2010 para 27.148 no mesmo mês de 2014. O maior acréscimo (1.312 leitos a mais) aconteceu nos estados do Nordeste, seguido pelo Sudeste (1.012). Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul o aumento foi mais tímido, de aproximadamente 200 leitos a mais em cada uma delas.

Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) não recomendem ou estabeleçam taxas ideais de número de leitos por habitante, é possível observar que, em relação a outros países com sistemas universais de saúde, o Brasil aparece com um dos piores indicadores.

Os dados estão postos e nem precisaria pesquisa para comprovar o que todos sabemos. De qualquer forma, eles são importantíssimos para dimensionar o tamanho do problema. Só precisamos agora enfrentá-lo de frente. 


Deixe Seu Comentário


Links rápidos