Mais de 70 operários que trabalham no canteiro de obra do novo Hospital Júlio Müller pararam as atividades nesta segunda-feira (20). Segundo eles, há dois meses os pagamentos não são realizados integralmente e mesmo sendo descontados da folha salarial, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o seguro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não são depositados. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Município de Cuiabá (SINTRAICCCM), Joaquim Dias esteve no canteiro para ouvir os trabalhadores e se comprometeu em intermediar a situação em busca de uma solução rápida.
Localizada na Rodovia Palmiro Paes de Barros (MT-040), no Km 16, a obra do novo hospital universitário de Mato Grosso é de responsabilidade do Consórcio Normandi-Phoenix-Edeme e é financiada pelos governos estadual e federal com repasses que somam R$ 116.501,424,47.
Desde o início, a construção tem apresentado problemas envolvendo operários e o referido consórcio. Iniciado em março de 2012, a previsão era de que o hospital estivesse pronto após 720 dias (início de 2014), para atender durante a Copa do Mundo. Depois o prazo foi estendido para dezembro deste ano, mas segundo os operários não deve ficar pronto antes do final de 2015.
O carpinteiro Manuel Marcos Dias Pereira, 22, está há sete meses trabalhando na obra e disse que desde que foi contratado nunca recebeu o pagamento combinado. “Me prometeram o salário de R$ 3 mil e todo mês quando vou consultar minha conta encontro apenas R$ 1.500. Isso quando recebo em dia, o que não acontece há quase três meses”.
Pereira conta que a empresa fornecia café da manhã aos trabalhadores, mas quando chegou para trabalhar na manhã de segunda-feira, a situação era outra. “Sem dar nenhuma satisfação, nos deram apenas um pão seco e disseram que depois que terminássemos de comer era para voltarmos para casa”.
Na mesma situação está o meia oficial de carpintaria, Franciano Alves da Costa, 25. Ele fala que recebeu apenas R$ 1 mil no último mês e continua na esperança de receber o restante antes do fim de outubro. “É sempre a mesma desculpa, pagam um pouco e prometem pagar o restante, mas dia 25 fecha este mês e ainda não recebi o anterior”.
O vale transporte também não está sendo repassado para os trabalhadores o que fez com que alguns não fossem trabalhar. “Eles não pagam, mas querem que a gente venha trabalhar. Os colegas que faltaram serviço por falta do vale transporte, tiveram os dias descontados do salário, que também não é pago de forma correta”, explica Costa.
Em abril, a obra foi embargada pela Prefeitura de Santo Antônio do Leverger durante 10 dias, por falta de projetos relativos à construção. Esse período também foi descontado dos trabalhadores.