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A Desconstrução do Parto e a Necessidade da Maternidade/Paternidade Ativa!


02-07-2014 14:04 - (*) Aline C. Padilha

Se você andar pelas ruas e perguntar para qualquer mulher, se você estivesse grávida como você teria seu bebê? Com certeza a maioria das respostas seria: cesárea né... normal dói demais.

É emergencial que haja uma intervenção de esclarecimentos nessa área. Em um primeiro momento será que a mulher se prepara para um parto, para esse evento tão importante em sua vida? Daí você vê outra contradição... me preparo sim, fiz o enxoval, preparei a bolsa da maternidade, fiz as lembrancinhas... Gente!!!! É um filho ou é um robô que você está esperando? Cadê o preparo psicológico, energético, corporal? O próprio parto será que temos a consciência da grandeza que envolve tudo isso?

É uma das primeiras experiências psicológicas do seu bebê e para mulher é um ritual de passagem no que é ser mulher, no qual é extremamente necessário que se participe do processo! Mas criamos barreiras, para se proteger dessa experiência que pode ser tão maravilhosa, tão divina para família toda.

Uma das barreiras é que agora, a mulher tem tecnologia a seu alcance, a mulher moderna não precisa passar por essas dores é só marcar a cirurgia com antecedência, que não sentirá "nadinha". Assim se perde a oportunidade de ser protagonista na hora de um evento tão importante, pergunte para quem já passou por uma cesárea quanto tempo levou para sua recuperação e quais as consequências no leite, no contato com o seu filho que isso trouxe?

Sem contar nos registros agressivos que ficam marcados na memória emocional do seu corpo e no subconsciente. Porque agressivo? Porque tudo que é antinatural ao corpo é agressivo, a mulher tem toda fisiologia necessária para ter um parto, seu corpo é preparado para isso.

Não estou querendo dizer que a cesárea é inútil, ela é com certeza uma grande ferramenta que salva muitas vidas todos os dias, eu fui fruto disso onde minha mãe sofreu um deslocamento de placenta grave e foi necessária essa intervenção de emergência senão nós não estaríamos vivas. Mas o que quero chamar a atenção é para as cesáreas desnecessárias, escolhidas em virtudes de vários mitos que rondam o parto normal e muitas vezes por algo banal, como: a aquela data é melhor, é dia do aniversário do fulano, ou vou marcar bem antes para nem chegar perto de sentir o que é uma contração; primeiro que cirurgia não se escolhe né? São ferramentas de emergência e intervenção (quando o corpo não tem condições de reagir só). Ou você escolhe tirar um rim normal? Um pedaço do fígado?

O que trago para repensar é sobre esse grande medo que ronda o parto natural... primeiro que todo sofrimento que muitas mulheres passam tem dois motivos: o despreparo e o segundo é a violência obstétrica... a chamada "dor além do parto". A violência obstétrica, vocês sabem o que é? Tenho certeza que infelizmente muitas já sofreram e nem sabem... Mas enfim, violência obstétrica é o desrespeito que a mulher sofre durante o pré-parto, o trabalho de parto e o pós-parto, muitas vezes de natureza verbal, coagindo seu emocional, muitas vezes por intervenções desnecessárias, a falta de consideração da opinião da parturiente entre os procedimentos, ditos de rotina, mas que na verdade não são de rotina e atos animalescos como: imobilizar a mulher durante o trabalho de parto. Imagina tudo isso naquele momento de muitas vezes turbulências emocionais, onde a mulher já está revivendo em seu subconsciente traumas de seu nascimento, onde ela está parindo muitas vezes seus medos e dificuldades emocionais... triste! Venho pedir mais humanidade, mais amor, mais zelo, mais cuidado nesse trabalho tão lindo que os profissionais da saúde têm que é auxiliar nesse momento tão importante. As mulheres muitas vezes em virtude disso desenvolvem uma depressão pós-parto, uma rejeição a seus filhos, muitas outras complicações e traumas que às vezes a seguirão por toda uma vida (atendo mulheres vítimas disso).

Bem o despreparo... é muito necessário que você tenha um preparo emocional e corporal, nossas mulheres de outrora não precisavam disso estavam em constante trabalho corporal no campo, hoje temos atividades em geral mais sedentárias, um trabalho sentada oito horas por dia, ou onde fazemos movimentos repetitivos apenas. Exemplos das consequências do sedentarismo na gestação: falta de dilatação, trabalho de parto demorado, "barriga alta"...

A movimentação durante uma contração é fundamental para que o bebê se encaixe, para que a dilatação aumente, esses movimentos podem ser: caminhar, agachamento, na bola suíça, rebolar... isso é para ser feito durante o trabalho de parto, e é possível sim muitas mulheres são provas disso. Assim você ajuda no seu desenvolvimento durante o parto se torna prazeroso para você e o bebê, quanto mais presente você estiver no processo. Isso é maternar ativamente, isso é resgatar o poder de mulher, poder de trazer a vida, não podemos ficar de fora disso e ficar querendo que os outros façam por nós. Temos que buscar informações sobre o que fazer para o nosso preparo, preparar coisas materiais isso sim os outros podem nos ajudar. Que possamos ser o papel principal de nosso parto, dando segurança aos nossos filhos e os fortalecendo nesse momento único e extremamente importante de sua existência, o qual fará toda a importância durante sua vida. A paternidade ativa... os bebês desde muito cedo registram as experiências do parto, bem como os envolvidos nela.

A figura do pai é extremamente importante no processo, são responsáveis por inspirar a segurança material em seus filhos, bem como os cortes necessários para evolução de suas vidas. Por isso é de fundamental importância que as mães deem oportunidades para os pais participarem do processo, bem como os pais deixem aflorar o interesse em participar. Em um parto humanizado é o pai que corta o cordão umbilical. É necessário o estímulo desse pai, para os cuidados com a criança, para o pai pegar o recém-nascido, que ele também tenha a oportunidade de vivenciar esse processo com seu filho, vestir sua roupinha, dar o banho, acalmar seu choro também. Isso para o bebê é tido como uma experiência de completude, de formação em seu psicológico, porque inconscientemente ele tem o registro das duas partes que deram a sua origem fisiológica, se for menino desde cedo já recebe como modelo de sensibilidade e amor ao outro, que assim formará um caráter de um homem mais humano, mais social, semeando mais consciência no mundo. Para a menina vem à base da sustentação e firmeza emocional em seu caráter. "Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer. Michel Odent (Médico e Cientista)".

Aline C. Padilha (CNT. 65.044/MT) é terapeuta holística, formada em psicologia transpessoal, regressão terapêutica, doula em formação e mãe (por parto domiciliar assistido).

Justificativa: esse artigo foi inspirado pela minha experiência pessoal e profissional, no atendimento terapêutico de mulheres marcadas por essa realidade. Bem como estudos do ponto de vista psicológico e holístico sobre o parto. Como o comportamento e pensamento das rondonopolitanas, através de pesquisas itinerantes, conversas informais e atendimentos. Visando a necessidade de mudança de consciência e postura nesse marco tão importante da existência. Em razão dos problemas de relacionamento e caráter, futuras consequências psicológicas de um parto mal preparado ou sem devidas instruções.

(*) Aline C. Padilha 


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