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ARTIGO: Todos temos direito aos serviços de saúde


12-05-2014 14:29 - Jackelyne Pontes

Alguns fatos me intrigam e sempre me preocupam em relação à saúde pública. A questão do acesso do usuário aos serviços aos quais têm direito é um deles. Para que haja uma boa cobertura é pré-requisito de fundamental importância facilitar a acessibilidade da população, pensando desde a localização geográfica da unidade de saúde até as questões demográficas, sociais, econômicas, funcionais e culturais, com a participação ativa da comunidade no processo de escolha da metodologia utilizada pelos gestores para implementar e implantar esta assistência.

Deve-se levar em conta a demanda aos serviços e os recursos disponíveis. Disso não tenho dúvida. Os modelos teóricos funcionam muito bem no papel, mas na prática a realidade de cada comunidade requer adaptação, entendimento e planejamento levando a equidade de atendimento tão sonhada pelos profissionais de saúde e pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo inclusive assegurada pela Constituição Federal de 1988.

Fico indignada, agoniada mesmo, sabendo da realidade de nossa população que para receber atendimento tem que enfrentar filas imensas, comparecer às unidades de saúde em plena madrugada, saindo de suas casas e ficando a mercê da violência urbana, praticamente acampando nas portas e calçadas das clínicas e policlínicas, para com sorte conseguir uma “ficha” para consulta médica ou odontológica, ou ainda quando comparece aos plantões noturnos não encontram profissionais disponíveis para atendê-los, e ainda lugares onde há uma grande demanda reprimida, chegando ao cúmulo de comercialização de lugares na fila de espera.

Temos, nós atores envolvidos nessa grande estrutura que é o atendimento público à saúde, que garantir o acesso, acolhimento e humanização dos serviços oferecidos. Não consigo entender por exemplo o fato de em um núcleo familiar com grande número de indivíduos apenas os mais novos, menores de 6 anos de idade, tem entrada livre no atendimento odontológico. Já os pais, os irmãos mais velhos, a família como um todo enfrentam a burocracia de filas, listas de espera intermináveis e muitas vezes o chamado para o tratamento não vem, ou quando vem já é tarde e o usuário já perdeu o dente.

A postura dos usuários influencia na qualidade do atendimento de saúde, que, quando insatisfeitos, ao invés de uma postura passiva, devem tomar as rédeas para situação e lutar pela reestruturação do sistema de agendamento de consultas. E não só por isso, mas por uma unidade de saúde melhor estruturada, para que não falte insumos, profissionais competentes e aí sim, depois do sistema organizado discutir junto com o gestor a priorização do atendimento.

O usuário é protagonista do sistema. E a sua intervenção visando o aperfeiçoamento do atendimento tem impacto mais que positivo. Temos que deixar de lado a velha postura de pensar saúde sozinhos, em salas refrigeradas e sem conhecer a realidade da população, gerando assim teorias que nem sempre condizem com o perfil dos usuários, e envolvê-los no processo.

Jackelyne Pontes é cirurgiã-dentista, filiada ao Sinodonto-MT (Sindicato dos Odontologistas do Estado de Mato Grosso) e escreve exclusivamente para este blog todo domingo - jackelynepontes@gmail.com 


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