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Fora OSS: Estado reassume Hospital Regional de Colíder por Intervenção


09-05-2014 18:06 - Ascom Sisma/Luana Soutos

 O Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde e do Meio Ambiente (Sisma/MT), junto a servidores do Hospital Regional de Colíder (HRCOL), participou de reunião com o secretário de Saúde de Mato Grosso, Jorge Lefetá, nesta segunda-feira, 05 de maio, para saber qual será o destino da unidade após rompimento de contrato com a Organização Social Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde - IPAS.

Os servidores chamaram o Sindicato para debater a questão há duas semanas, onde pontuaram vários encaminhamentos para serem repassados ao Governo, todos contrários a gestão por meio de Organização Social. [Saiba mais sobre isso clicando aqui.]

Lafetá, de antemão, reconheceu que a situação do local é muito difícil. Ele disse que mandou uma comissão até o Hospital para averiguar as condições, e que já havia observado que o IPAS não estava cumprindo vários pontos do contrato com o Estado. “O Governo declarou que aceitaria o destrato, de maneira amigável, mas o IPAS impôs diversas condições para isso. Então, nós decidimos pela intervenção, e vamos nomear um interventor”, explicou o gestor. De acordo com ele, o nome do interventor seria definido pelo governador Silval Barbosa no mesmo dia.

O DECRETO Nº  2.337 foi publicado no Diário Oficial do dia 05 de maio, determinando que Juscineide Oliveira Silva seja a interventora no Hospital Regional de Colíder, com plenos poderes de gestão. “Apesar dela não ser servidora de carreira, nós e os colegas de Colíder ficamos satisfeitos com o nome, porque já conhecemos seu trabalho em gestão do Hospital há alguns anos”, comentou a presidente do Sisma/MT, após saber da nomeação.  

Mas a situação não está completamente definida. A partir da intervenção do Estado, o IPAS não responderá mais pela gestão do Hospital. No entanto, em um prazo de 180 dias, o IPAS continua no Hospital para fornecer documentos e informações necessárias ao Estado. Existe a possibilidade de recurso judicial por parte do IPAS, com pouca possibilidade de vitória. Depois disso, será necessário restabelecer de fato a gestão do Hospital.

Relatos de dificuldades

Seguindo seu perfil, Lafetá pediu aos servidores presentes que relatassem a situação do Hospital Regional de Colíder, mesmo sabendo da situação de abandono. A presidente do Sisma/MT iniciou a rodada de depoimentos, relatando o que viu em Colíder quando esteve com os servidores, há cerca de duas semanas e pensaram em nomes de servidores plenamente capazes de assumir a gestão do Hospital. Ela afirmou, mais uma vez, que os servidores estão fartos das Organizações Sociais e que as experiências no estado têm sido desastrosas.

A servidora Divina, que atua no HRCOL deste 1995 e exerce função na área de Logística do Hospital relatou a dificuldade em adquirir insumos, devido a desconfiança dos fornecedores. Por causa disso, ela mesma levou a filha pequena ao Hospital para ser atendida e não conseguiu.

O assistente social João Cândido afirmou que todos os servidores querem que o Hospital volte a ser, ao menos, o que era antes do IPAS assumir. “Estava, bom? Não! Mas era muito melhor do que agora”, disse. Segundo ele, o índice de mortalidade na unidade e o transporte de pacientes para outros municípios aumentou nos últimos meses. 

A servidora Débora relatou que, além de profissionais do SUS, ela e os colegas também são usuários do serviço e estão sofrendo muito com a situação do Hospital. Por isso, se colocam a disposição para contribuir na elaboração de alternativas que devolvam ao Hospital de Colíder a capacidade de atendimento que ele tinha antes da OSS. Ela disse ainda que esteve licenciada justamente durante o período de transição da gestão do Estado para o IPAS, e quando voltou percebeu que os servidores capacitados pelo Estado foram relegados, esquecidos pela nova diretoria.

Eric Mangolim, também servidor local, lembrou do sucateamento e descaso dos gestores com a Saúde, e reclamou da gestão “obscura” do IPAS, onde, sem nenhum acesso a informações, a ponto dos diretores do Hospital afirmarem “dever satisfações somente à SES”. Seu apelo foi no sentido de que se retome o que os servidores construíram antes do IPAS, e que a situação seja resolvida de maneira que a população seja a maior beneficiada.

O vereador local, Roberto Francisco (conhecido como Pernambuco Filho), que também é servidor de carreira lotado no Hospital, disse que tanto os vereadores quanto o prefeito do município receberam muitas críticas da população por causa da péssima administração do IPAS.

O servidor Adelino lembrou que o HRCOL já foi referência em Mato Grosso. Ele chegou a fazer parte da gestão do Hospital há alguns anos, e lamentou que tudo o que foi construído pelos servidores tenha sido destruído pelo IPAS. Para ele, a angústia maior é “ver os colegas morrerem a míngua”. “Sucateamento do Hospital tem conserto, vidas não”, concluiu.  

O diretor do Escritório Regional de Colíder, Adriano, afirmou que foram elaborados relatórios informando, inclusive, o atraso do pagamento dos médicos [que chegaram a fazer paralisações por falta de pagamento] e que a auditoria que aponta tudo o que aconteceu com o Hospital está nas mãos do Governo do Estado. “Estamos aqui angustiados, esperando para ouvir uma solução, diante de tudo isso”, pontuou.

O vereador de Colíder, Marcos Agarão, disse que foi a reunião no papel de usuário, e reafirmou, a exemplo do colega Pernambuco Filho, que a cobrança da população é grande. Ele defendeu a intenção de que o Hospital volte a ser referência no estado.

Lafetá falava sobre as pesquisas no Sistema de Saúde em Minas Gerais, referência no país, e da intenção de trabalhar com consórcios regionais, quando a primeira secretária do Sisma/MT, Zuleide Klein, lembrou que Mato Grosso já foi referência para Minas Gerais. “Nós dávamos consultoria para as equipes de Minas Gerais e hoje estamos disponíveis para ajudar na reorganização do SUS no estado. Estamos aqui para somar”, afirmou.  

A presidente do Sisma/MT pediu aos servidores de carreira que trabalham no Hospital que ajudem a equipe a refazer da Unidade Hospitalar referência de média complexidade na região. Uma equipe de servidores, que inclui Adelino Freire, Eric Mangolim, Mario Rosário Denitto, Divina do Carmo, Débora Alves Sobrinho, João Cândido Neto e Claudinélio de Souza, deve ficar mais próxima da nova interventora para auxiliar na gestão.  

 Também participaram da reunião o secretário adjunto de Saúde, Huarque Douglas, a secretária adjunta de Gestão Estratégica, Marlene Anchieta, o deputado estadual Eliene Lima, o assessor do deputado Pedro Satélite, Alan, e o assessor da SES no Hospital Adauto Botelho, João Botelho. 

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