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Carnaval: cuidado ao beijar na boca


05-03-2014 15:52 - Jackelyne Pontes/RD News

Eu adoro carnaval. Faço questão de iniciar este artigo com esta afirmação. Porém, nas folias de Momo sabemos todos que o beijo na boca é prática quase que obrigatória, principalmente nas micaretas, as pessoas beijam desenfreadamente e sem critérios, aleatoriamente. Beijar na boca é bom, mas temos que lembrar que durante o beijo são trocados mais de 250 tipos de microorganismos, e que você pode transmitir ou contrair doenças, pois a boca é povoada de bactérias, tanto da flora normal quanto as que podem trazer enfermidades. E temos que levar em consideração que durante os dias de festa o folião fica sem uma rotina de descanso, com a alimentação desregrada, desidratado, portanto, com a imunidade baixa, com o organismo debilitado e suscetível a agravos.

Existem várias doenças transmitidas pelo beijo, mas as três mais comuns são: cárie, herpes e mononucleose. Muitas pessoas erroneamente acham que a cárie não é uma doença transmissível, o que é um grande engano. É transmissível e infecciosa. Ocorre que a cárie é transmitida por uma bactéria chamada Streptococcus mutans, que estão presentes na flora bucal do indivíduo, e que através do beijo contamina-se com a “bactéria alheia” aumentando a sua diversidade. A mononucleose é conhecida como a “doença do beijo” transmitida pelo vírus Epstein-Barr, e muitas vezes as pessoas têm o vírus mas não sabem, e transmitem a doença para outras. O vírus pode ficar incubado no organismo de 30 a 45 dias e não tem cura, uma vez contaminado carrega-se o vírus para o resto da vida, e quando há sintomas os principais são fadiga, dor de garganta, tosse e inchaço dos gânglios.

Já a herpes é transmitida mesmo que o parceiro não tenha nenhum sinal da doença na boca ou em outras partes do corpo, que são facilmente identificados, pois se manifestam em forma de pequenas bolhas que quando se rompem formam uma ferida, e esta tem um ciclo de cura de aproximadamente 7 dias. Porém, a exemplo da mononucleose, herpes também não tem cura. Uma vez contaminada a pessoa carrega a doença para o resto da vida, e que se manifesta geralmente em períodos de baixa imunidade e alto estresse.

Além das três doenças citadas, o beijo pode transmitir gengivite, candidíase, tuberculose, hepatite, sífilis, gonorréia, meningite, HPV, gripe A, entre outras. O risco é maior em pessoas que usam piercing como acessório na língua ou lábios e não houve cicatrização ou há sangramento no local da inserção, e o mesmo se aplica quem usa aparelho ortodôntico pois a mucosa da boca pode sofrer pequenos ferimentos.

Recomenda-se então a prática de higiene diária, fazendo a escovação após cada refeição, sem esquecer o uso do fio dental. Os bochechos com colutórios bucais, que são líquidos anti-sépticos bacteriológicos, coadjuvantes na limpeza da boca, mas que de forma alguma substituem a ação da escova e do fio dental, são apenas um complemento. Todos têm o direito à diversão, o que importa é ser responsável e prudente.

Jackelyne Pontes é cirurgiã-dentista, filiada ao Sinodonto-MT (Sindicato dos Odontologistas do Estado de Mato Grosso) e escreve exclusivamente para o RDNews todo domingo - jackelynepontes@gmail.com
 


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